A primeira rodada de negociações nucleares entre o Irã e as potências desde a chegada ao poder de um governo iraniano mais conciliador terminou ontem em um clima de otimismo e com planos de novas conversas nos dias 7 e 8 de novembro.
As negociações, ocorridas na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra, foram as mais "detalhadas" até agora, disse a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, que tem mandato para negociar com o Irã em nome dos governos de EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha.
Ao ler um raro comunicado conjunto, Ashton disse que as partes concordaram que as discussões foram "substanciais" e se comprometeram a mantê-las sob sigilo antes da próxima rodada, também em Genebra.
O chanceler e chefe negociador iraniano, Mohammad Javad Zarif, afirmou que os dois dias de encontro foram "proveitosos" e poderiam "selar o início de uma nova fase nas relações [com o Ocidente]". O ministro pediu aos interlocutores que adotem uma posição "equilibrada", numa aparente cobrança para que ocidentais respondam à altura concessões aventadas pelo Irã.
Norteada pelo objetivo de convencer o Ocidente a aliviar sanções econômicas, a comitiva iraniana apresentou um plano em três etapas que propõe um cronograma para "restaurar a confiança mútua" antes da implementação das medidas esperadas para cada lado.
Concessões
Embora detalhes da proposta não tenham sido divulgados, o governo iraniano deixou claro que está disposto a fazer concessões importantes para provar que seu programa nuclear não visa à construção de um arsenal atômico.
Segundo um dos principais negociadores iranianos, o vice-chanceler Abbas Araghchi, o Irã poderá aderir ao Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação (TNP), que submete signatários a inspeções nucleares mais intrusivas e com aviso prévio de apenas algumas horas.