Luxo
Diária em suíte de frente para mesquita custa R$ 14 mil
As torres Abraj al Bait, localizadas a 500 metros da Grande Mesquita, e que hospedam muitos turistas, são consideradas uma obra-prima arquitetônica e custaram cerca de US$ 3 bilhões (R$ 7,2 bi). O preço da diária em uma suíte de luxo neste complexo de 15 mil apartamentos é de US$ 5,88 mil (R$ 14,1 mil) e a taxa de ocupação chega a 100% na maioria dos dias do ano. Além disso, o complexo inclui em sua torre mais alta o famoso relógio de Meca, que está a cerca de 600 metros de altura.
Sadiq al-Hassan, um morador da cidade, dono de lojas que vendem presentes perto do complexo, critica a construção dos edifícios porque, segundo ele, "foram erguidos sobre as ruínas do antigo castelo histórico de Ayyad", da época otomana e destruído pela Arábia Saudita. Embora as torres tenham resolvido a questão da distância para os peregrinos entre seus hotéis e a mesquita de Meca, Hassan lamenta que o lugar tenha se transformado em um monopólio dos ricos. "Que pobre poderia arcar com as tarifas desse hotel?", questiona.
2 milhões de fiéis participaram da peregrinação a Meca no ano passado. Desse total, 1,3 milhão de peregrinos vieram de fora da Arábia Saudita. Neste ano, o número de muçulmanos vindos de outros países já chega a 1,4 milhão.
A renda que a Arábia Saudita receberá em função da peregrinação a Meca vai superar US$ 8,5 bilhões nesse ano, 3% a mais que a anterior, segundo os cálculos da Câmara de Comércio da cidade saudita.
Do total dessa renda, 89% serão oriundos dos peregrinos estrangeiros e 11% dos sauditas. O estudo calculou que a despesa média de um peregrino local será o equivalente a R$ 3.156, enquanto o gasto médio de um peregrino vindo do exterior será de R$ 11.086. Grande parte da despesa dos estrangeiros é destinada à compra de lembranças, como acessórios de ouro e prata.
Esse estudo considera que 30% das vendas de ouro no país são feitas para os peregrinos durante a temporada desse rito, que é um dos cinco pilares do Islã, junto com a oração cinco vezes ao dia, a esmola aos pobres, o testemunho de fé e o jejum no mês do Ramadã. Além disso, o jornal Al Watan detalhou que o gasto médio por pessoa é de o correspondente a R$ 339 para transporte interno, R$ 1.090 para alimentação, R$ 334 para o sacrifício do carneiro e R$ 2.934 para hospedagem.
Críticas
A infraestrutura das casas e hotéis no entorno da Grande Mesquita da cidade de Meca, onde está localizada a Caaba, recebeu muitas críticas, como, por exemplo, a da escritora saudita Al Makiya Alem, que recentemente classificou o templo, em um artigo, como sendo "um ponto em um mar de vidro e ferro", devido à excessiva urbanização de um lugar tão sagrado. Para Alem, a dimensão econômica da peregrinação a Meca ultrapassou a religiosa.
Fiéis são os responsáveis por 10% do PIB
As despesas dos peregrinos que visitam Meca não se limitam somente ao pagamento da estadia. A alimentação é à parte e, de acordo com o jornal Al Madina, nesse ano aumentou 35%. O jornal aponta, por exemplo, que o preço de uma garrafa de água chegou ao equivalente a R$ 2,55 e o pão a R$ 3,20.
Apesar de a renda da peregrinação ser menor em comparação com a riqueza do petróleo da Arábia Saudita, contribui para o desenvolvimento de grande parte dos comerciantes e investidores, representando 10% do PIB do país, de acordo com o estudo realizado pela Câmara de Co-mércio de Meca.
O governo saudita se defende das críticas à exploração comercial do evento. As autoridades afirmaram, em várias ocasiões, que os projetos turísticos visam proporcionar aos peregrinos uma hospedagem de qualidade nas proximidades da Caaba, a "Pedra Sagrada". No ano passado, o total de peregrinos oriundos de outros países chegou à casa de 1,3 milhão. Em 2014, já foram contabilizados 1,4 milhão de estrangeiros.
Hajj
Conhecida como Hajj, a peregrinação a Meca é um dos cinco pilares do Islã e todo fiel deve cumprir ao menos uma vez em sua vida. Nesse ano, os rituais estão cercados de rígidas medidas de segurança para proteger os peregrinos de dois vírus fatais, o ebola e o coronavírus, que deixou mais de 300 mortos na Arábia Saudita. O conflito com jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) é outra preocupação.
Segurança
A peregrinação a Meca começou sem problemas nesse ano, mas a grande quantidade de fiéis que participa do evento já causou tragédias. A última delas foi em 2006, quando 345 pessoas morreram e cerca de mil ficaram feridas em Mena, cidade vizinha a Meca. O caso de maior gravidade, no entanto, ocorreu em 1990, quando 1.426 pessoas foram mortas durante um tumulto em um túnel para pedestres em Meca.
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