Em igrejas e bares, nas ruas e nas casas, os afro-americanos comemoravam por antecipação na noite desta terça-feira (quarta-feira no horário de Brasília) uma muito esperada vitória de Barack Obama na eleição presidencial dos Estados Unidos.
Os negros representam cerca de 13 por cento da população dos EUA, e estima-se que mais de 90 por cento deles tenham votado em Obama, que deve se tornar o primeiro negro a governar os Estados Unidos.
As pesquisas de boca-de-urna e os primeiros resultados eleitorais confirmam o otimismo desse grupo com a vitória do senador democrata.
"Definitivamente é a história sendo feita", disse a professora primária Sheneka Mayes, 32 anos, em Atlanta. "Esta noite ficará marcada na minha memória e na memória dos meus filhos."
Os resultados iniciais - especialmente na Pensilvânia e em Ohio - atenuaram os temores, muito comentados nas últimas semanas, de que as pesquisas estariam escondendo uma distorção racial contra Obama, ao superestimar seu apoio entre a maioria branca.
Milhares de pessoas acompanham a apuração num telão na Times Square, em Nova York. Cerca de 2.000 pessoas também assistem num telão montado na rua 125, no Harlem, bairro de Nova York que é considerado informalmente a capital da América negra.
Em Atlanta, milhares de pessoas participaram de uma vigília no túmulo do líder negro Martin Luther King, que foi assassinado depois de lutar pelos direitos civis nas décadas de 1950 e 60.
Essa manifestação acaba colocando a eleição fortemente no contexto daquele movimento, que afinal permitiu que os negros do sul dos EUA tivessem direito a voto.
Mais tarde, os negros de Atlanta lotaram a igreja Batista Ebenezer, onde King pregou. Um coral gospel fazia o acompanhamento para dois telões que exibiam os resultados pela CNN. Uma gritaria ensurdecedora se sobrepunha quando números favoráveis a Obama surgiam.
"Martin Luther King deu a sua vida para que um homem de cor pudesse ser presidente ou uma mulher pudesse ser vice-presidente", disse o ativista Al Sharpton, referindo-se à candidata republicana a vice, Sarah Palin.
"O sonho era não só chegar a um lugar elevado. Era usar um lugar exaltado para ajudar a todos", disse Sharpton, parafraseando o famoso discurso "Eu tenho um sonho", proferido em 1963 por Martin Luther King.
Sharpton e outros oradores disseram que tanto uma vitória de Obama quanto de McCain seria positiva para a democracia.
"Esta é uma grande noite, uma noite inacreditável", disse o deputado John Lewis, da Geórgia, que foi brutalmente agredido pela polícia de Selma, no Alabama, durante uma passeata pelo direito ao voto.
"Nesta noite podemos comemorar e agradecer a Deus Todo-Poderoso. Martin Luther King deve estar nos olhando do céu e dizendo aleluia", disse Lewis.
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