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A advogada brasileira Paula Oliveira, grávida de três meses de gêmeas, foi atacada e torturada por três neonazistas na noite de segunda-feira na cidade suíça de Dubendorf, na periferia de Zurique.

Os agressores inscreveram, com um estilete, a sigla SVP - iniciais em alemão do Partido do Povo Suíço, de extrema direita - na barriga e nas pernas da brasileira. O ataque fez com que Paula, casada com um suíço, abortasse.

O caso ganhou contornos políticos depois que a cônsul-geral do Brasil em Zurique, Vitória Clever, constatou que a polícia suíça sequer abriu investigação para identificar os agressores.

"Trata-se claramente de um ataque xenófobo", afirmou Vitória, que hoje vai até o escritório central da polícia exigir esclarecimentos.

"Se for necessário, levaremos o caso às mais altas instâncias", acrescentou, indicando que o Itamaraty pode pedir também explicações à Embaixada da Suíça em Brasília.

Nos últimos meses, ataques xenófobos têm ganhado força na Europa diante de um discurso cada vez mais racista dos partidos de extrema direita. Na Suíça, a crise financeira internacional e o aumento do desemprego deram popularidade aos partidos políticos que defendem medidas contra a imigração. Casos de ataques contra estrangeiros aumentaram, mas, até agora, os brasileiros não eram os alvos preferidos - as principais vítimas são imigrantes turcos, ex-iugoslavos e africanos.

Paula, uma pernambucana de 26 anos, trabalha na multinacional Maersk e, segundo o Itamaraty, vive legalmente na Suíça. Ela foi atacada quando voltava do trabalho, após desembarcar na estação de trem perto de sua casa. Paula falava ao telefone celular com a mãe, que estava no Recife, quando foi cercada pelos três skinheads. Levada para um parque, foi espancada por 15 minutos e teve sua roupa parcialmente arrancada. Um deles usou um estilete para cortar barriga, braços, rosto, tórax e pernas. "Ela ficou marcada em várias partes do corpo", disse a cônsul.

A diplomacia brasileira criticou o comportamento da polícia após a agressão. Isso porque, ao prestar queixa, Paula foi interrogada pelo detetive Andreas Hug - ele duvidou de sua versão, querendo saber se ela não teria se autoflagelado. Paula disse que um dos agressores tinha uma suástica tatuada no corpo.

A cônsul também passou por uma situação constrangedora ao telefonar para a polícia. A delegacia local apenas a informou que, se quisesse saber detalhes da agressão, que perguntasse à vítima. Por enquanto, familiares disseram que ela permanecerá no hospital local. Em breve, ela deve voltar para o Recife.

Paula é filha de Paulo Oliveira, secretário parlamentar do ex-governador de Pernambuco e deputado federal Roberto Magalhães (DEM-PE). Os pais da brasileira chegaram ontem a Zurique e hoje pretendem buscar informações sobre a investigação.

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