O inspetor da força policial nacional do Nepal, Yuvraj Khadka, confirmou que os esforços de busca e resgate prosseguiram ao longo da noite de sábado e madrugada de domingo (horário local) e que o número de mortes devido ao terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o país já chega a 1.394. Além disso, outras 50 mortes por causa do tremor ocorreram na Índia, em Bangladesh, no Tibete e no Paquistão.
Mais de duas dezenas de tremores sacudiram o Nepal após o primeiro terremoto, que ocorreu pouco antes do meio-dia de sábado no horário local (por volta das 3h de Brasília). Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), o tremor ocorreu em Lamjung, 77 quilômetros a noroeste de Katmandu, com profundidade de 15 quilômetros.
“Ocorreu um enorme impacto por todo o país, e estamos avaliando a situação”, disse Lakshmi Prasad Dhakal, porta-voz do Ministério do Interior do Nepal. “Existe o temor de que muitas pessoas estejam presas nos escombros dos edifícios.” O terremoto e uma série de tremores secundários graves provocaram um duro golpe no Nepal, um dos países mais pobres do mundo e que tem enfrentado uma recente onda de turbulência política em meio ao debate sobre nova Constituição.
Em Katmandu, milhares de pessoas foram passar a noite no Tudikhel, um vasto campo aberto perto da cidade velha, onde edifícios históricos estão em ruínas. Os desalojados dormiam em folhas de plástico ou caixas de papelão, abraçados em cobertores.
O primeiro-ministro do Nepal, Sushil Koirala, que estava participando de uma reunião de cúpula em Jacarta, tentou retornar ao país, mas chegou apenas a Bangcoc, onde seu voo de conexão para Katmandu foi cancelado, porque o aeroporto internacional da capital foi fechado para voos comerciais. Entretanto, aviões da Força Aérea da Índia foram autorizados a pousar com 43 toneladas de material de emergência, incluindo tendas e alimentos, e cerca de 200 socorristas, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia Vikas Swarup. Os aviões voltaram para Nova Délhi com cidadãos indianos que estavam presos em Katmandu. A companhia aérea estatal Air India anunciou que iria começar voos com materiais de ajuda para a capital nepalesa no domingo.
Hospitais do Vale de Katmandu estavam superlotados, com falta de espaço para armazenar cadáveres e ficando sem suprimentos de emergência, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) em comunicado.
Vários edifícios desabaram no centro da capital, incluindo templos e minaretes. Entre eles, estava a torre de nove andares conhecida como Dharahara Tower, um dos marcos de Katmandu, construída pelos governantes reais do Nepal e reconhecida pela Unesco como patrimônio histórico. Centenas de pessoas compram bilhetes nos fins de semana para ir até a plataforma de observação no oitavo andar da torre, mas não foi confirmado o número de pessoas que estava no local quando a torre desabou.
Avalanche
Os tremores também desencadearam uma avalanche no Monte Everest, que atingiu acampamento na base da montanha. De acordo com autoridades do governo do Nepal, pelo menos dez montanhistas e guias morreram. As suas nacionalidades não foram informadas.
Vários montanhistas podem agora estar presos em rotas que levam ao topo do pico mais alto do mundo. A avalanche começou no Monte Kumori, montanha de 7 mil metros, a poucos quilômetros do Everest, ganhando força ao continuar na direção do acampamento base, onde expedições de escalada se preparavam para tentar subir até o cume nas próximas semanas, disse Ang Tshering, da Associação de Montanhismo do Nepal.
A avalanche - ou talvez uma série de avalanches escondidas em uma nuvem branca maciça - se chocou com uma parte do acampamento base, derrubando pelo menos 30 tendas, disse Tshering. Com a comunicação muito limitada no Everest, não se sabe ainda quantos dos mortos e feridos estavam no acampamento base e quantos estavam em outro lugar da montanha.
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