Buenos Aires - A política econômica do ex-presidente argentino Néstor Kirchner tem defensores e detratores. Contudo, a maioria concorda que ele era um piloto de tormenta. Kirchner assumiu o poder após o colapso econômico e político de 2001/02, e durante os quatro anos de mandato (maio de 2003 a dezembro de 2007) , o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 44%. Com a expansão da economia anual média de mais de 9%, partindo de uma base de produção muito baixa, Kirchner marcou um recorde para a história argentina.
Os defensores de Kirchner afirmam que a decisão dele de manter a moeda desvalorizada, sustentando a cotação de um câmbio competitivo, foi um impulso às exportações, que aproveitaram o salto do preço das commodities. A medida reduziu as importações e promoveu sua substituição por produtos locais, animada pelo estímulo ao consumo e o boom de setores como: agronegócio e construção civil. Mas não houve grandes investimentos, somente ocupação da capacidade ociosa, como destaca o economista Roberto Chacanosky.
Prós e contras
Entre os feitos exibidos por sua gestão, a reestruturação da dívida de mais de US$ 100 bilhões em default foi um dos principais destaques, já que marcou a maior operação deste tipo no mercado mundial. Negociada pelo ex-ministro de Economia, Roberto Lavagna, a reestruturação foi feita com um corte de 65% e aceitação por parte dos credores da ordem de 74%. A dívida que representava 166% do PIB baixou para o equivalente a cerca de 70%. O pagamento da dívida que o Estado mantinha com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de US$ 9,5 bilhões também é destacado como um êxito político e econômico de Kirchner.
O receituário de Kirchner manteve elevados os superávits comercial e fiscal. Mas a compra de divisas e o aumento constante do gasto público provocaram a expansão da base monetária. A inflação foi a consequência imediata da política adotada.