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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se manifestou nesta quinta-feira (21) sobre a decisão do TPI de emitir mandados de prisão contra autoridades de Israel por supostos crimes de guerra.
“A decisão antissemita do TPI equivale ao moderno julgamento de Dreyfus, e também terminará assim”, disse o premiê, em alusão a uma decisão judicial na França contra o capitão Alfred Dreyfus em 1898, questionada por amplos setores da sociedade da época justamente por seu antissemitismo.
"Não há nada mais justo do que a guerra que Israel trava em Gaza”, disse Netanyahu, acrescentando que “nenhuma resolução anti-israelense impedirá o país de proteger seus cidadãos”.
O premiê acusou o tribunal de Haia de ser um “órgão político tendencioso e discriminatório” e classificou as acusações de crimes de guerra e contra a humanidade de “absurdas e falsas”. Além de Netanyahu, o ex-ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant também foi alvo da medida.
O TPI emitiu ainda um mandado contra o chefe militar do Hamas, Mohammed Deif - que, segundo Tel Aviv, foi morto em um de seus ataques. O mentor do massacre de 7 de outubro e antigo líder do grupo terrorista, Yahya Sinwar, também foi alvo da ação, mas também morreu em uma operação israelense. O procurador da corte Karim Khan solicitou os mandados de prisão em maio deste ano.
Netanyahu reiterou que “não há nada mais justo” do que a atual guerra em Gaza, depois que a organização terrorista Hamas lançou um ataque assassino e realizou o maior massacre contra o povo judeu desde o Holocausto".
"Nenhuma resolução anti-israelense impedirá o Estado de Israel de proteger os seus cidadãos. Não cederei à pressão, não recuarei e não me retirarei até que todos os objetivos de guerra definidos por Israel no início da campanha sejam alcançados”, declarou.
“A decisão foi tomada por um procurador-chefe corrupto que tentava salvar sua pele de graves acusações de assédio sexual, e por juízes tendenciosos motivados pelo ódio antissemita a Israel”, disse o primeiro-ministro sobre Khan, que responde a uma investigação aberta na semana passada por "conduta sexual inadequada".
A Sala de Questões Preliminares rechaçou por unanimidade as impugnações apresentadas em setembro por Israel, que negou a jurisdição do TPI sobre a situação dos palestinos.
Hamas elogia TPI e diz que "justiça está ao nosso lado”
A organização terrorista Hamas comemorou a decisão do TPI de ordenar a detenção do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e do seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant.
“A justiça internacional está ao nosso lado contra a entidade sionista”, disse o Hamas em um comunicado.
O membro do gabinete político da organização, Izzat al Rishq, alegou que esta decisão do TPI expõe “a verdadeira face terrorista” de Israel em benefício dos palestinos.
“O Estado ocupante (Israel) enfrenta a verdade, contradiz o conceito de justiça e entra em conflito com os valores humanos”, declarou Al Rishq.
O TPI também ordenou a prisão de Mohammed Deif, que liderava o braço armado do Hamas, as Brigadas Al Qassam, embora Israel o tenha declarado morto após um ataque contra Al Mawasi, no sul de Gaza. O Hamas, no entanto, nunca confirmou sua morte.
Em outro comunicado, o Hamas acusou os EUA de obstruírem a decisão do TPI durante meses, “aterrorizando o tribunal e os seus juízes”.
O grupo palestino classificou a decisão como um importante precedente histórico “e uma correção de um longo caminho de injustiça histórica” contra o povo palestino.
“Fazemos um apelo ao TPI para que responsabilize todos os líderes criminosos da ocupação, os seus ministros e funcionários”, afirmou o Hamas, que atualmente governa a Faixa de Gaza.
Por fim, o Hamas pediu a todos os países do mundo para que cooperassem com o Tribunal de Haia para processar os políticos israelenses e trabalhar para pôr fim à ofensiva no enclave palestino.
Basem Naim, também integrante do gabinete político da organização terrorista, advertiu que a decisão permanece “limitada e simbólica se não receber apoio com todos os meios possíveis de todos os países do mundo”.
Os juízes aprovaram os mandados de prisão solicitados em 20 de maio pela procuradoria do TPI contra Netanyahu e Gallant como “responsáveis criminalmente como coautores dos crimes de guerra de utilização da fome como método de guerra e dos crimes contra a humanidade de homicídio, perseguição e outros atos desumanos”.
Além disso, as autoridades israelenses foram responsabilizadas como “superiores civis pelo crime de guerra de dirigir ataques de forma intencional contra a população civil” na Faixa de Gaza.
No caso do Hamas, além de Deif, o procurador Karim Khan também solicitou a prisão do seu líder em Gaza e mentor dos ataques de 7 de outubro, Yahya Sinwar; e a do chefe de seu gabinete político, Ismail Haniyeh.
A acusação contra Deif inclui seis crimes de guerra, incluindo tomada de reféns e atos de violência sexual, e cinco crimes contra a humanidade, incluindo extermínio e homicídio, decorrentes do massacre de 7 de outubro.