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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou na segunda-feira qualquer limitação aos assentamentos judaicos dentro e no entorno de Jerusalém, desafiando Washington, numa crise cada vez mais profunda entre Israel e o governo do presidente norte-americano, Barack Obama.

"Nos últimos 40 anos, nenhum governo israelense jamais limitou a construção na região de Jerusalém", disse ele em um discurso ao Parlamento, citando áreas na Cisjordânia tomadas por Israel na guerra de 1967 e anexadas à cidade.

Os Estados Unidos haviam condenado o plano de Israel de construir 1.600 novas casas para judeus em Ramat Shlomo, um assentamento religioso dentro das fronteiras de Jerusalém designadas pelos israelenses e cujo futuro status está no cerne do conflito no Oriente Médio.

O anúncio do projeto feito por Israel durante uma visita, na semana passada, do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, causou constrangimento à Casa Branca. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, em declarações extraordinariamente ríspidas, classificou aquilo de insulto.

Os palestinos, que tinham acabado de concordar em iniciar negociações de paz indiretas sob a mediação dos EUA, afirmaram que não seguiriam adiante se o projeto não fosse cancelado. Israel havia dito que as obras no local começariam apenas daqui a vários anos.

No Parlamento, Netanyahu -- que lidera uma coalizão que tem partidos pró-assentamentos, incluindo o seu -- afirmou que havia um consenso praticamente total em Israel de que as áreas anexadas de Jerusalém seriam parte do Estado judaico em qualquer futuro acordo de paz.

Ele fez as declarações -- sinalizando para Washington que acreditava ter o apoio político em casa para suportar a pressão por causa de Jerusalém -- depois que a mídia israelense informou que Hillary Clinton havia exigido que a decisão de construir em Ramat Shlomo fosse revertida.

Netanyahu impôs uma moratória limitada ao início de novas obras nos assentamentos da Cisjordânia em novembro, mas excluiu Jerusalém do congelamento parcial de 10 meses que os palestinos consideraram inadequado e o governo Obama na época saudou.

No domingo, Netanyahu tentou minimizar o que seu enviado a Washington teria descrito como uma "crise de proporções históricas", expressando arrependimento numa reunião ministerial pelo momento do anúncio do projeto de Ramat Shlomo.

O desacordo com Washington fez suscitar preocupação em Israel de que a cooperação na área de segurança com os EUA perante a possibilidade de um Irã com armas nucleares possa estar comprometida.

Na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, Nabil Abu Rdainah, assessor do presidente palestino, Mahmoud Abbas, respondeu aos comentários de Netanyahu no Parlamento prometendo não voltar às conversações de paz até que as obras no assentamento fossem paralisadas.

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