Jerusalém e Ramallah - Pouco antes da retomada das negociações diretas entre Israel e os palestinos, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reafirmou ontem o que chamou de componentes essenciais para um acordo de paz, sendo o principal deles o reconhecimento de Israel como a terra dos judeus. Netanyahu vai se reunir com o presidente palestino Mahmoud Abbas em Washington, na quinta-feira, para as primeiras negociações diretas desde que os palestinos abandonaram o processo em dezembro de 2008, quando Israel lançou uma sangrenta ofensiva contra a Faixa de Gaza.
Abbas, por sua vez, respondeu em discurso na televisão palestina que Israel será o culpado se as negociações diretas de paz fracassarem, por causa dos assentamentos judaicos na Cisjordânia.
Falando aos jornalistas no início da reunião semanal de gabinete, Netanyahu disse que um acordo terá de ser baseado "primeiramente no reconhecimento de Israel como o Estado nacional do povo judeu, no fim do conflito e no final de novas exigências em relação a Israel".
Os palestinos negam-se a aceitar Israel como um Estado essencialmente judeu pois isso implicaria deixar de lado o fato de que os refugiados que deixaram Israel ou foram expulsos quando o país foi criado em 1948, além de seus descendentes, devem ter o direito a reclamar de volta suas antigas casas, no território israelense.
Netanyahu disse que vai buscar "arranjos verdadeiros de segurança" que evitem a ocorrência na Cisjordânia de eventos que ocorreram na Faixa de Gaza depois da saída de Israel do território em 2005 e no sul do Líbano, após a retirada israelense em 2000. O Hamas tomou o controle de Gaza e usa a faixa costeira como local de lançamento de ataques contra Israel. O grupo libanês xiita Hezbollah travou uma sangrenta guerra com Israel em 2006.
O influente rabino Ovadia Yosef disse, durante seu sermão semanal no sábado, que o líder palestino Mahmoud Abbas e seu povo deveriam "desaparecer deste mundo". "Que todas essas pessoas sórdidas que odeiam Israel, como Abu Mazen (Abbas), desapareçam deste mundo", disse Yosef, do partido religioso Shas, que faz parte da coligação de governo de Israel.
O negociador-chefe dos palestinos, Saeb Erekat, condenou as palavras do rabino e disse que elas eram "um incitamento ao genocídio" e pediu que o governo israelense "faça mais pela paz e pare de espalhar o ódio".