Milhares de manifestantes protestam em Tel-Aviv neste domingo, pedindo que Israel assine um acordo para a volta dos reféns levados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.| Foto: Abir Sultan/EFE/EPA
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu perdão neste domingo à família de Alexander Lobanov, um dos seis reféns do grupo islâmico Hamas que foram encontrados mortos ontem pelo Exército israelense na Faixa de Gaza, em meio à crescente fúria contra o chefe de governo por não assinar uma trégua. “Gostaria de dizer o quanto lamento e peço perdão por não ter conseguido trazê-lo de volta vivo”, disse Netanyahu aos pais do jovem, Oxana e Grigory Lobanov, segundo um comunicado do gabinete do primeiro-ministro.

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O chefe de governo destacou que seu secretário militar, Roman Gofman, regressou esta manhã de uma visita a Moscou cujo objetivo era avançar no acordo de uma nova trégua com o Hamas que permitiria a libertação dos 97 reféns que ainda estão em Gaza, dos quais um terço morreu.

Segundo o gabinete do primeiro-ministro, Netanyahu “conversou e falará com mais famílias [de reféns] ao longo do dia”, mas a imprensa israelense antecipou que pelo menos duas das famílias se recusam a responder às ligações de condolências do chefe de governo, que até agora não assumiu a responsabilidade por falhas que permitiram o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1,2 mil mortos e 251 sequestrados no total. Mais cedo neste domingo, o presidente israelense, Isaac Herzog, também pediu desculpas “em nome do Estado de Israel” às famílias dos seis reféns.

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“Aqueles que assassinam reféns não querem um acordo”, afirma Netanyahu

Netanyahu voltou a culpar o Hamas pela falta de um acordo de trégua e acusou o grupo terrorista islâmico de não realizar “negociações reais” desde dezembro, horas depois de os corpos dos seis reféns terem sido encontrados no sul da Faixa de Gaza. “Aqueles que assassinam sequestrados não querem um acordo”, declarou Netanyahu em uma mensagem gravada. “Nós, pela nossa parte, não desistimos. O governo israelense está comprometido, e eu pessoalmente, em continuar lutando por um acordo que devolva todos os nossos sequestrados e garanta nossa segurança e existência”.

Pouco antes, representantes das famílias reféns pediram ao premiê que falasse publicamente; seu próprio ministro da Defesa, Yoav Gallant, instou-o a revogar a decisão de manter as tropas israelenses na fronteira de Gaza com o Egito. “O gabinete [do governo] deve reunir-se imediatamente e reverter a decisão tomada na quinta-feira”, disse Gallant, ciente de que a permanência de tropas na divisória, recentemente ordenada por Netanyahu, é um dos maiores obstáculos para alcançar uma trégua com o Hamas. “É tarde demais para os reféns que foram assassinados a sangue frio. [Mas] devemos recuperar aqueles que ainda estão detidos pelo Hamas”, acrescentou o ministro em um comunicado.

Netanyahu disse que há três meses, em 27 de maio, Israel concordou com um acordo de libertação de reféns com o total apoio dos Estados Unidos, mas que o Hamas recusou. “Mesmo depois de os Estados Unidos atualizarem o projeto de acordo em 16 de agosto, concordamos e o Hamas recusou novamente”, acrescentou o chefe do governo israelense.

Já o Hamas acusa Netanyahu de ter acrescentado recentemente novas exigências, como a permanência de tropas israelenses no corredor Philadelphi – na fronteira entre Gaza e o Egito – e em Netzarim, uma faixa artificial criada na guerra que cruza Gaza de norte a sul. “Qualquer acordo deve incluir um cessar-fogo permanente, uma retirada completa da Faixa de Gaza, a liberdade dos residentes regressarem às suas áreas, ajuda e reconstrução, e um acordo sério de troca [de reféns por prisioneiros]”, ressaltou o Hamas em 25 de agosto, após mais uma rodada de negociações infrutíferas.

Nos últimos meses, oito reféns foram resgatados vivos através de operações militares, em comparação com os 105 libertados no único acordo de trégua alcançado em novembro, segundo lembrou hoje a Netanyahu o Fórum das Famílias de Reféns. “É o resultado direto da não assinatura de um acordo. Todos foram mortos nos últimos dias, depois de sobreviverem quase 11 meses de abusos, tortura e fome no cativeiro do Hamas. O atraso na assinatura do acordo levou à morte deles e de muitos outros reféns”, alegou o Fórum em um comunicado. Os familiares dos reféns anunciaram protestos no país hoje e ao longo da semana, e o líder da oposição, Yair Lapid, pediu ao chefe da federação trabalhista Histadrut que convocasse uma greve geral diante da inação de “Netanyahu e seu gabinete de morte”.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]