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Morador de Somerville, em Massachusetts, retira neve acumulada na rua e sobre os carros | Brian Snyder/Reuters
Morador de Somerville, em Massachusetts, retira neve acumulada na rua e sobre os carros| Foto: Brian Snyder/Reuters

No final das contas, foram as previsões meteorológicas que paralisaram a cidade de Nova York, e não a nevasca. À medida que a vida dos moradores voltava ao normal em uma cidade em grande parte paralisada na terça-feira (27) de manhã após uma precipitação de neve que mal cobriu os sacos de lixo deixados na calçada, vários meteorologistas ponderaram sobre o caos equivalente a uma tempestade que suas meras palavras podem causar, e debatiam para saber qual deles foi o menos preciso.

"Nevasca incapacitante e potencialmente histórica vai impactar a área", dizia um alerta no fim de semana do Serviço Meteorológico Nacional (NWS, na sigla em inglês) em meio a mapas coloridos advertindo que a cidade inteira poderia receber uma camada de até 90 centímetros de neve, um recorde.

Foi motivo suficiente para que o prefeito Bill de Blasio e o governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, tomassem as medidas incomuns de ordenar que todas as ruas e o metrô da cidade ficassem fechados.

Tom Niziol, especialista em clima de inverno do Weather Channel, lembrou de algo que um professor lhe disse décadas atrás na escola de meteorologia no norte do Estado de Nova York.

"Jovem Tom, você precisa me ouvir, porque eu posso ser o homem mais poderoso da cidade", disse Niziol em uma entrevista, procurando imitar o tom de voz de um professor. "Com uma canetada posso fechar todo este lugar!"

Neste caso, Niziol suspeita que não teve culpa: no início do fim de semana, ele estava no Weather Channel prevendo entre 30 a 45 centímetros de neve para a cidade, metade do que constou nas piores advertências do NWS.

Os meteorologistas, incluindo Niziol, geralmente fazem suas previsões com base nos mesmos dados e uma meia dúzia de modelos de computador compartilhados em âmbito internacional.

Na segunda-feira (26) à tarde, não muito antes de Cuomo anunciar que o metrô iria fechar primeira vez por causa de uma tempestade de neve, Niziol reduziu a sua previsão para entre 20 e 30 centímetros: uma grande nevasca, mas não histórica.

O NWS, que tem a autoridade de uma agência federal e cujos funcionários orientam os responsáveis pela tomada de decisões civis, continuou a manter-se firme em uma previsão de 90 centímetros.

Os fatos iriam mostrar que a estimativa revisada de Niziol estava mais próxima da realidade. A maior parte da cidade não teve mais de 20 centímetros, disse De Blasio nesta terça-feira, embora em algumas áreas, como o Queens, chegasse a 25.

Tal como acontece com o NWS e outros meteorologistas entrevistados na terça-feira, Niziol também apontou que a extremidade de Long Island, a leste da cidade de Nova York, bem como porções de Massachusetts e outros Estados vizinhos de fato tiveram uma nevasca mais ou menos como o previsto.

Louis Uccellini, o diretor do NWS, estava em alguns momentos na defesa e demonstrando arrependimento em uma teleconferência com repórteres na terça-feira à tarde.

"O que aprendemos com a tempestade é que todos nós precisamos melhorar a forma como comunicamos a incerteza da previsão", disse ele, depois de citar uma lista de lugares além da cidade de Nova York onde o NWS previu com precisão a quantidade de precipitação de neve.

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