Charge do New York Post que compará Obama a um chimpanzé| Foto: Reprodução / New York Post

O jornal "New York Post" pediu desculpas nesta quinta-feira (19) aos que se sentiram ofendidos por uma charge que, segundo críticos, foi racista porque comparou o presidente Barack Obama a um chimpanzé.

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O jornal reconheceu que a charge publicada na quarta-feira causou controvérsia porque afro-americanos e outros a viram como representação de Obama.

"Essa certamente não foi a intenção; àqueles que se sentiram ofendidos com a imagem, pedimos desculpas", disse o jornal em editorial intitulado "Aquela Charge" publicado em seu site.

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"A intenção foi ironizar um pacote de estímulo federal mal redigido. Ponto final."

A charge de um policial atirando num chimpanzé fez referência a um caso real em que um chimpanzé de estimação foi abatido a tiros, esta semana, em Connecticut. Um policial na charge dizia: "Vão ter que encontrar outra pessoa para redigir o próximo pacote de estímulo econômico."

A charge foi publicada um dia depois de Obama sancionar o pacote de estímulo econômico de 787 bilhões de dólares que ele vinha promovendo fortemente. Críticos interpretaram o chimpanzé morto na charge como referência a Obama, que em 20 de janeiro se tornou o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Manifestantes liderados pelo ativista dos direitos civis Al Sharpton gritaram "Acabem com o racismo agora" diante da sede da empresa dona do jornal, no centro de Manhattan, na quinta-feira. Eles pediram a prisão de Rupert Murdoch, cujo conglomerado internacional de mídia, o News Corporation, é dono do New York Post.

O jornal inicialmente defendeu a charge como paródia da política de Washington, mas Sharpton disse que ela explorou uma imagem potente na história do racismo contra os negros.

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"Acho que eles pensaram que somos chimpanzés", disse Sharpton. "Mas vão descobrir que somos leões".

Em comunicado divulgado na noite de quinta, Sharpton disse que os grupos que protestam contra a charge vão realizar uma manifestação previamente marcada diante da sede do Post na tarde de sexta-feira e vão decidir sobre a resposta a dar ao editorial do Post.

Ele disse: "Embora pensemos que pedir desculpas aos que se sentiram ofendidos foi a coisa certa a fazer, o jornal parece querer atribuir a culpa aos que se sentiram ofendidos, em lugar de assumir a responsabilidade pelo que fez."

Críticos disseram que a mensagem racista da charge estava clara.

"Seria preciso viver em outro tempo ou mundo para não saber o que significou", disse o manifestante Charles Ashley, de 25 anos, modelo que afirmou não acreditar que a charge tenha sido uma piada política inocente.

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Outros disseram que a charge brinca com o assassinato de Obama, possibilidade que, afirmaram, preocupa muitos americanos.

"O simples fato de mostrarem um macaco com ferimentos de bala no peito sugere a idéia de assassinato", disse o empreiteiro Peter Aviles, 48 anos.

Policiais em Stamford, Connecticut, mataram a tiros na segunda-feira um chimpanzé de 90 quilos depois de o animal de estimação ter quase matado um amigo de sua dona e ter atacado um carro de polícia. O chimpanzé Travis, que no passado chegou a atuar em comerciais de TV, estava tomando medicamentos para tratar a doença de Lyme.