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O jornal americano The New York Times (NYT) publicou no último domingo (30) uma reportagem contendo críticas ao Movimento dos Sem Terra (MST). O texto, com título “Se você não usar sua terra, esses marxistas podem tomá-la”, é assinado por Jack Nicas, correspondente da publicação, que mora no Rio de Janeiro. Nicas chama o MST de “talvez o maior movimento inspirado no marxismo que opera dentro de uma democracia” e diz que nenhum outro movimento na América Latina atinge seu “tamanho, ambição ou sofisticação”.
O texto dá como exemplo um acampamento do MST em Itabela, Bahia, em que 530 famílias invadiram uma propriedade de 150 hectares para “juntos ararem o campo e plantarem feijão, milho e mandioca”. A ocupação é disputada pelos herdeiros da terra, que conseguiram uma ordem judicial para desocupar sua propriedade. Temendo a escalada da violência, a polícia pausou a execução da ordem. Apesar de alegarem que a terra era improdutiva, alguns dos militantes reconhecem que havia gado no local.
O NYT explica que esquerdistas abraçam a causa e que “os bonés vermelhos do movimento mostrando um casal empunhando um facão se tornaram um clichê em bares hipsters — [mas] muitos brasileiros o consideram comunista e criminoso”, e menciona que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um dilema por ser um apoiador de longa data do MST enquanto precisa conversar com a bancada ruralista para governar. Estimativas sugerem que os militantes podem chegar a dois milhões de pessoas em 460 mil famílias. Há duas mil escolas tocadas pelo movimento nas quais as crianças aprendem “sobre a luta”, como declarou uma menina ao jornal.
A reportagem também contém informações positivas sobre o MST, como a produção de arroz orgânico mencionada por Lula em campanha no ano passado. Como explicou a Gazeta do Povo, contudo, essa produção não é suficiente sequer para um único dia de consumo de arroz no país. É um produto de nicho, com um rótulo na moda (“orgânico”), mas custa até três vezes mais que o produto sem o rótulo, que é seguro e de fato alimenta o país.
Nicas diz que o MST “perdeu gás” durante o governo de Jair Bolsonaro e que as ocupações em grande parte foram encerradas durante a pandemia, retornando sob uma resistência maior por Bolsonaro ter facilitado o acesso a armas de fogo para os proprietários de terras. O retorno, contudo, vem com energia renovada por causa da eleição de Lula: foram 33 ocupações em menos de quatro meses de governo, comparadas a 15 por ano na era Bolsonaro.
Apesar do acirramento dos dois lados, informa o NYT, até o momento houve pouca violência. Um motivo para isso poderia ser o reconhecimento dos assentamentos por parte do judiciário, respaldado pelo “uso social” preconizado pela Constituição de 1988. Cerca de 60% terminam reconhecidos, segundo estimativa de Bernardo Mançano Fernandes, geógrafo da Unesp.
Diferentes estudos científicos sugerem que a liberdade econômica é um dos fatores mais poderosos para eliminar a pobreza e elevar o índice de desenvolvimento humano. Um dos componentes mais importantes da liberdade econômica levados em conta nos estudos é o respeito à propriedade privada.
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