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New York Times suspende jornalista político acusado de assédio sexual

Glenn Trush | Reprodução
Glenn Trush (Foto: Reprodução)

Em meio a uma onda de denúncias de assédio sexual contra políticos, artistas e jornalistas nos Estados Unidos, o "The New York Times" anunciou nesta segunda (20) que suspendeu um de seus principais repórteres em Washington, o correspondente da Casa Branca Glenn Thrush — ele também, acusado de assediar colegas na capital americana. 

Thrush, 50, foi apontado como responsável por investidas contra quatro jovens repórteres, num artigo do portal Vox. A autora, Laura McGann, é uma delas. 

As mulheres, em início de carreira, tinham pouco mais de 20 anos. Todas disseram ter sido assediadas por Thrush enquanto todos estavam sob efeito do álcool, depois de uma festa entre amigos e colegas num bar. 

O jornalista teria tentado beijar as repórteres, passar a mão entre suas pernas ou encurralá-las num canto do bar ou num táxi. 

O último caso teria ocorrido em junho deste ano. 

Nenhuma das mulheres prestou queixa contra Thrush -por entenderem que seria melhor manter boas relações com o repórter, conhecido por sua influência em Washington. 

"Ele era uma pessoa incrivelmente influente na redação e no jornalismo político, um mundo em que eu ainda tentava ingressar na época", afirmou McGann, no artigo. Ela disse ter sido beijada à força pelo ex-colega há cinco anos, depois de uma festa entre amigos. 

"Ele se apresentou para mim como um aliado, um mentor", diz a jornalista de 23 anos envolvida no episódio de junho. 

Em dois dos casos, Thrush enviou um e-mail no dia seguinte, pedindo desculpas, mas sem explicitar exatamente pelo quê. As repórteres responderam brevemente e não comentaram mais o caso. 

Ao Vox, Thrush afirmou que está em tratamento contra o alcoolismo e que, nos últimos anos, fez "coisas das quais se envergonha e que trouxeram imensa dor à sua família e amigos". 

"Eu peço desculpas a qualquer mulher que se sentiu desconfortável em minha presença, e por qualquer situação em que me comportei de maneira inadequada. Qualquer comportamento que faça uma mulher se sentir desrespeitada ou incomodada é inaceitável", escreveu o repórter a Vox. 

O jornalista afirmou que o episódio de junho, relatado na reportagem, mudou sua vida e que ele estava "profundamente arrependido". 

O The New York Times informou que o comportamento atribuído ao repórter "não está de acordo com as práticas e valores" da organização e que irá investigar o caso. Até o término da investigação, Thrush ficará suspenso. 

Políticos 

As denúncias contra Thrush integram uma avalanche de casos de assédio sexual relatados recentemente, que já atingiu políticos, o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, âncoras e comentaristas da NBC e NPR (National Public Radio) e o ator Kevin Spacey (o Frank Underwood da série "House of Cards"), entre outros, e se espalhou entre a sociedade americana por meio da hashtag #MeToo -"Eu também". 

O "The New York Times" tem sido um dos veículos mais ativos na revelação de casos de assédio. 

No mundo político, as denúncias foram contra o republicano Roy Moore, do Alabama, que vem sendo pressionado a desistir de concorrer por uma vaga no Senado, e o senador democrata Al Franken, de Minnesota. 

Nesta segunda (20), Franken foi alvo de mais uma denúncia. Uma mulher disse à CNN que o senador apertou sua bunda enquanto posava para uma foto ao seu lado, em 2010. O senador disse não se lembrar do ocorrido, mas afirmou que lamentava o fato. Antes, ele fora acusado de ter beijado à força uma mulher e de ter tocado em seus seios enquanto ela dormia, quando ainda não era senador, em 2006. 

Moore, que nega as acusações, disse que não desistirá da campanha. Já o Senado vem sendo pressionado a abrir uma investigação contra Franken. 

O presidente Donald Trump, ele próprio alvo de acusações de assédio durante sua campanha, chegou a chamar o senador democrata de "Al Frankenstein" no Twitter. 

"E pensar que, há apenas uma semana, ele estava fazendo comentários a quem quisesse ouvir sobre assédio sexual e respeito pelas mulheres", escreveu. 

Trump foi menos incisivo no caso de Moore, seu colega de partido: por meio de sua porta-voz, informou que "o povo do Alabama deveria decidir" sobre o candidato.

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