Em e-mail ao G1, Barrionuevo diz que chegará ao Rio (onde fica a base do New York Times) em agosto. E que ele será responsável por cinco países do cone sul: Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Mas não quis dar detalhes sobre suas funções nem falar da polêmica pela qual passou o atual ocupante do cargo -que está no Brasil há oito anos.
Rohter ficou famoso no país em maio de 2004, ao escrever uma reportagem intitulada "Hábito de beber do presidente vira preocupação nacional", na qual insinuava que Luiz Inácio Lula da Silva vinha enfrentando dificuldades para exercer o cargo de presidente por causa de seu problema com bebidas alcoólicas.
Na reportagem, Rohter escreveu: "[Lula] nunca escondeu sua predileção por um copo de cerveja, uma dose de uísque, ou, melhor ainda, um gole de cachaça".
O governo brasileiro reagiu duramente à reportagem. Classificou o texto como "digno da pior espécie de jornalismo, o marrom".
A administração Lula cancelou o visto de Rohter temporariamente, impedindo-o de permanecer no país. Mas o jornalista norte-americano não foi expulso, porque neste momento estava fora do Brasil. Ele só retornou ao Rio depois que o governo recuou da decisão, o que ocorreu logo após Rohter enviar uma carta à Presidência dizendo que não teve a intenção de ofender Lula.
Essa foi a maior crise envolvendo o governo brasileiro e um jornalista internacional desde a redemocratização do país, há duas décadas.
Especialista em economia
Alexei Barrionuevo é norte-americano e está sediado em Chicago, de onde produz reportagens sobre economia, principalmente sobre energia e "commodities agrícolas".
Ele já escreveu algumas vezes sobre questões que envolvem o Brasil.
Em uma das reportagens, publicada no dia 6 de abril deste ano, ele escreveu que o Brasil está se tornando um dos principais parceiros comerciais da China, ao produzir grãos de soja em larga escala. Aponta que os produtores brasileiros ainda perdem em competitividade para os norte-americanos, mas ressalta que o país sul-americano tem potencial para dobrar sua área cultivável (hoje em cerca de 175 milhões de acres) mesmo sem devastar a floresta amazônica.
Em outra repotagem, publicada no dia 13 de julho do ano passado, ele cita um estudo científico para dizer que o biodiesel - a vedete do programa energético de Lula - produzido a partir de soja (o caso do Brasil) gera mais energia e menos gases que aceleram o efeito estufa do que o etanol produzido com base no milho (o caso dos Estados Unidos).
Em 5 de janeiro deste ano, Barrionuevo escreveu outra reportagem que aponta um problema citado várias vezes pelo ditador cubano Fidel Castro: o temor de que o uso do milho norte-americano para produzir etanol (parte do programa energético da gestão do presidente George W. Bush) reduza a quantidade de milho usada na alimentação.