Quatro anos depois de sair da prisão domiciliar como símbolo da democracia, Daw Aung San Suu Kyi é criticada pela lentidão das reformas em Mianmar| Foto: Tomas Munita para The New York Times

A escola pintada em cores pastel, instalada na selva, fica bem distante dos salões internacionais onde o símbolo da resistência de Mianmar, Daw Aung San Suu Kyi, hoje é uma figura estabelecida.

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Aqui no seu distrito parlamentar, a líder da oposição e Prêmio Nobel da Paz cumpre o papel dos políticos locais, inaugurando um colégio que pretende tirar os alunos da pobreza e lhes possibilitar emprego na indústria do turismo do país, que começa a vicejar.

Poucos contestam o bom trabalho de Aung San Suu Kyi para seu eleitorado, levando eletricidade aonde não havia e usando seu prestígio para atrair o investimento de hoteleiros na escola – mas defensores dos direitos humanos e até membros de seu partido já levantam dúvidas a respeito de seu desempenho de forma mais ampla na arena política.

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Há quatro anos, desde que saiu da prisão domiciliar como símbolo da democracia, Aung San Suu Kyi, de 69 anos, hesita em atuar nas questões mais problemáticas do país, reclamam seus críticos.

E desde que entrou no Parlamento, há dois anos, vem se mostrando relutante em denunciar os abusos das forças do governo contra civis no conflito étnico no estado de Kachin, alegando que ambas as partes são responsáveis pela violência. Como presidente de um painel que investiga disputas de terra entre agricultores pobres e uma mineradora, ficou do lado da empresa – mas talvez o mais surpreendente seja sua recusa em criticar o governo pela política usada contra a minoria rohingya.

"Não é a autoridade política do cargo que o pessoal quer que ela exerça, mas sim a moral. É o peso do Prêmio Nobel da Paz que ela não está usando como deveria", diz John Sifton, da Human Rights Watch.

Como líder da oposição em um Parlamento dominado por membros atuais e antigos das Forças Armadas que governaram o país durante quase 50 anos, sua capacidade de manipular as decisões governamentais são limitadas – o que não a impediu de se pronunciar contra o poder militar de vetar as emendas constitucionais.

"Ela deveria se pronunciar sobre o caso dos rohingya para evitar que os birmaneses ajam de forma racista. E o fato de não fazê-lo revela uma estratégia política", comenta Ko Tar, ativista pela educação.

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A dúvida sobre seu posicionamento é ainda mais premente considerando-se que ela pode dar mais peso às eleições de 2015, que seu partido, a Liga Nacional pela Democracia, deve ganhar.

Mesmo decepcionados, seus defensores gostariam de vê-la na presidência, mas a Constituição de 2008 impede que candidatos que sejam casados com estrangeiros ou tenham filhos nascidos no exterior disputem o cargo máximo – proibição, aliás, que parece ter sido criada sob medida para ela.

Ao final da cerimônia de inauguração da escola, os jornalistas queriam saber sua opinião sobre a oposição do partido dominante à mudança constitucional e o assassinato recente do jornalista Ko Par Gyi, que foi seu guarda-costas nos anos 80.

"Agora não é hora para isso", disse ela, dispensando-os.

Contribuiu Wai Moe

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