Agora que o presidente Barack Obama e seu principal negociador para o comércio, Michael B. Froman, tentam fechar um acordo comercial com os países do Pacífico e outro com a União Europeia, vão precisar convencer vários grupos nacionais céticos — especialmente os sindicatos — de que esses são bons negócios.
“A globalização aconteceria com ou sem acordos comerciais. Acordos comerciais são ferramentas para moldá-la, e é preciso incluir a criação de normas trabalhistas”, disse Froman.
Os Estados Unidos não são os únicos que tentam elaborar regras para reger o processo. A China, em particular, negocia acordos comerciais com muitos dos seus vizinhos, com pouca atenção a termos ambientais, normas trabalhistas ou outras garantias.
“Na verdade, há uma competição sobre as regras que irão moldar o sistema de comércio global”, argumentou Froman.
Em alguns casos da década de 90, o Acordo de Livre Comércio Norte Americano (NAFTA, na sigla em inglês) pressionou empresas a reconhecer os sindicatos. Algumas indústrias na fronteira entre o México e os EUA acabaram com os testes de gravidez entre as candidatas a um emprego. Mas o NAFTA não determinou condições iguais para os trabalhadores dos dois países.
As regras trabalhistas foram melhoradas em posteriores acordos comerciais, porém, não fica claro se elas mudaram a vida dos trabalhadores, disse Marva Corley-Coulibaly, economista da Organização Internacional do Trabalho.
“Elas ainda não são eficientes”, disse Thea Lee, chefe de gabinete do sindicato americano A.F.L.-C.I.O.
Estudos nos Estados Unidos e na Europa mostram que a concorrência crescente das importações chinesas foi responsável por cerca de um quarto do declínio no número de empregos da indústria entre 1990 e 2007.
Nenhum ajuste nas regras comerciais irá reverter essa tendência.
Os Estados Unidos têm uma das proteções trabalhistas mais fracas do mundo desenvolvido. A hostilidade contra o trabalho organizado em algumas partes do país é tão intensa que mesmo as empresas que querem trabalhadores sindicalizados enfrentam resistências.
Por outro lado, trabalhadores europeus deslocados pela China podem contar com uma rede profundamente enraizada de apoio público.
Dessa forma, os acordos comerciais que os Estados Unidos buscam pretendem oferecer outro tipo de oportunidade para garantir que trabalhadores americanos não sejam prejudicados. Em vez de tentar forçar os países do Pacífico a equiparar suas normas trabalhistas às americanas, por que não usar o acordo de comércio com a União Europeia para importar os padrões trabalhistas mais caros da região e suas políticas sociais mais generosas.
Essa é uma ideia que pode ser defendida pelo trabalho organizado. “Gostaríamos de reforçar as realizações europeias, não enfraquecê-las. Queremos normas trabalhistas fortes e ambiciosas no acordo com a Europa”, disse Thea Lee.
E isso será melhor para os trabalhadores americanos do que adotar padrões mexicanos, chineses, peruanos ou vietnamitas.
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