Na crise da Ucrânia, a Alemanha assumiu a liderança não só de sua maneira usual, tentando dissuadir a Rússia da beligerância, mas também impondo sanções a Moscou mesmo que essas prejudiquem empresas alemãs.
E o povo alemão, sempre ansioso para preservar laços comerciais, culturais e acordos energéticos com seu grande vizinho oriental, concordou. Numa pesquisa recente, setenta por cento aprovaram as sanções mais severas, e apenas 15 por cento viam a Rússia como um parceiro confiável.
Em nítido contraste com a liderança francesa, a chanceler Angela Merkel e seu governo vêm mantendo as empresas alemãs informadas sobre qualquer mudança de pensamento, e deixaram claro que sanções mais duras serão impostas caso a Rússia saia ainda mais da linha.
A agitação política sobre a Ucrânia tem afetado a economia da Alemanha, desacelerando o crescimento e colocando em questão a capacidade do país de manter seu longo histórico de desempenho robusto, segundo economistas. As sanções que restringem o comércio entre os países poderão causar mais danos.
Mas a derrubada de um avião de passageiros malaio sobre o leste da Ucrânia, em julho, endureceu a determinação de muitos alemães e, com a Alemanha à frente, levou a sanções europeias ainda mais severas sobre Moscou.
O apoio surge de lugares surpreendentes. Eckhard Cordes, presidente do Comitê de Relações Econômicas do Leste Europeu, fundado em 1952 para promover negócios com o que então era o bloco soviético, apontou que a recente retaliação de Moscou para as sanções europeias mais recentes iriam apenas aguçar as tendências negativas dos negócios com a Rússia, e que seu grupo alertou bem no começo sobre os riscos de aplicar sanções de retaliação. Mas ele parou bem antes de se opor às medidas ocidentais ou aos repetidos avisos dos últimos meses sobre o perigo de se perder centenas de milhares de empregos ao encerrar os laços de 7.000 empresas que fazem negócios na Rússia.
Gernot Erler, um antigo social-democrata, ex-vice-ministro de relações exteriores e atual comissário para a Rússia e antigos estados soviéticos, um cargo do governo no Parlamento alemão, visitou Moscou pela primeira vez em 1965 e passou décadas promovendo a política de reconciliação com o Oriente. Hoje ele é um crítico mordaz da Rússia e de seu líder.
"A política de Vladimir Putin está destruindo reservas de confiança com uma velocidade impressionante", declarou Erler por e-mail. "A Rússia não está divulgando seus objetivos e subitamente se tornou imprevisível. E ser imprevisível é o maior inimigo de parcerias. Restaurar a confiança levará tempo".
Funcionários do governo, falando em particular, usam a palavra "trágico" para descrever o que veem como a ruptura, por parte do presidente Vladimir V. Putin, de décadas de um relaxamento cuidadoso das tensões políticas.
"A confiança que construímos nos últimos 15 a 20 anos não só no comércio, mas em intercâmbios escolares e esportivos, eu mesmo fiz bastante nesse quesito foi abalada", afirmou Ralf Meyer, de 50 anos, gerente de logística que trabalha com a Rússia desde 1993 e possui, desde 2003, sua própria empresa de exportação de sistemas de controle climático.
Angela Merkel, dos democratas cristãos de centro-direita, e o ministro das relações exteriores Frank-Walter Steinmeier, um social-democrata, vêm lidando bem com a situação. "Tenho fé de que nosso governo está tomando as decisões corretas para as empresas", disse ele.
Fim do ano legislativo dispara corrida por votação de urgências na Câmara
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Frases da Semana: “Alexandre de Moraes é um grande parceiro”
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais