Charli XCX é uma estrela pop ou, pelo menos, um subtipo do gênero, por três motivos: tornou-se um prodígio do MySpace quando mal entrava na adolescência; virou uma cantora em ascensão com voz inconfundível e atitude desafiadora e, mais tarde, se transformou na cantora e compositora que ajuda aqueles que estão ao seu lado a se tornarem ainda mais famosos.
A única coisa que falta é ela mesma ser famosa de verdade, mesmo que sua trajetória continue ascendente: "Sucker", seu segundo álbum por uma gravadora grande, com lançamento previsto para 21 de outubro, é excepcionalmente atrevido e divertido, uma combinação atraente de punk voltado para o pop, soul de banda feminina, club-pop e música infantil dos anos 80, com melodias simples e ganchos cantados com voz insolente.
Ela já tem 22 anos, mas há ligações diretas no novo álbum que remetem à música que a fez ser descoberta, em 2008, quando ainda estudava e postava no Myspace canções de um disco que fez com o dinheiro que convenceu os pais a lhe emprestar, todas atrevidas e bem feitas.
Hoje ela odeia o material. "Já não é mais aquela música maravilhosa que eu achava que estava fazendo quando tinha 14 anos; muita gente acha a minha fase inicial meio irritante e agora tenho que admitir que também acho", revela.
Com o tempo, porém, a exposição das primeiras melodias lhe rendeu um contrato e ela começou a fazer uma música mais popular, um pouquinho menos amalucada e mesmo tendo começado a se destacar, preferiu se garantir e entrou para a escola de arte, onde investiu em arte performática e vídeos. Em um de seus trabalhos, montou um altar a Justin Bieber, que pintou com tinta spray e desenhou temas relacionado a Britney Spears. Um ano depois, abandonou o curso.
A parceria com outros artistas levou ao que parecia ser a grande chance de Charli XCX afinal, teve participação em duas das músicas mais tocadas do pop nos últimos três anos, compondo a intensa "I Love It", de Icona Pop, e compondo e cantando o refrão do pop-rap enfurecido de Iggy Azalea, "Fancy".
Ela se descreve como "um tipo de anti-estrela pop", embora tenha um instinto inegável para reconhecer pegadas pop. No ano passado foi à Suécia para trabalhar em músicas novas e acabou gravando tantas canções punk que daria um novo disco.
"Eu estava com raiva do mundo", diz simplesmente. Antes disso, tentou parceria na composição com pessoas com quem não tinha trabalhado antes e meio que esperavam que ela se saísse com sucessos instantâneos. "Foi superdeprimente", confessa.
Então, resolveu fazer barulho: "Liberei toda a minha agressividade e tive vontade de compor pop de novo". Duas dessas músicas entraram para "Sucker": "Gold Coins" e "Breaking Up". O punk de Charli XCX pode até ter som de pop, mas seu pop tem muito da pegada punk e pode até se tornar popular.