Quando o sol desponta sobre os campos de cereais orgânicos nessa área verde do estado, em algumas manhãs, um ponto escuro também aparece no céu, e um forte zumbido corre pelo cenário pastoril.
É um drone, e seu piloto é uma fazendeira chamada Jean Hediger, uma de um número crescente de agricultores americanos que começaram a usar as aeronaves não tripuladas — mais conhecidas por seu uso na guerra, longe de campos de trigo do leste do Colorado — para coletar informações sobre a saúde das suas plantações.
Ao fazer isso, esses agricultores estão infringindo a lei. É ilegal pilotar drones com fins comerciais sem a permissão federal e quem faz isso se arrisca a receber multas de milhares de dólares. Mas a tecnologia é tão promissora que os agricultores a usam mesmo assim, pontilhando o céu rural com os dispositivos que portam pequenas câmeras de vídeo.
“Isso realmente se tornou um bom negócio para a agricultura”, disse Jean, que está com 60 e poucos anos.
“Nossa intenção é boa. Nos proibir de usar drones sobre nossos campos é o mesmo que querer que permaneçamos na idade das trevas”, acrescentou.
Em breve, no entanto, os agricultores poderão voar seus drones abertamente.
Em fevereiro, a Administração Federal da Aviação propôs novas regras que permitiriam o uso do pequeno avião não pilotado com finalidades comerciais. Se as normas forem aprovadas, haverá implicações em todo o país: drones poderiam ser usados por trabalhadores da construção civil, bombeiros, cineastas e outros.
Mas poucos estão tão animados com essa tecnologia quanto os agricultores.
Jean estima que o dispositivo iria poupar-lhe dezenas de milhares de dólares nos próximos anos, pois ela seria capaz de identificar quais partes do seus campos precisam de fertilizante, água, herbicida ou sementes.
A Associação Internacional de Sistemas de Veículos não Tripulados, um grupo da indústria, disse que espera que a agricultura seja responsável por 80 por cento do mercado de aeronaves não tripuladas depois que o voo comercial for permitido.
“É inestimável”, disse Corey Jacobs, que planta milho e vive no interior de Indiana. Jacobs, 28 anos, costumava detectar ervas daninhas ou danos causados pelo clima ao caminhar por quilômetros através de sua plantação. Agora, ele simplesmente usa o drone.
Ele construiu seu primeiro avião não tripulado em 2013 e rapidamente viu uma oportunidade de negócio. Hoje, é o fundador e único funcionário da Extreme UAS, que vende drones para outros fazendeiros. Quando ele não está em seu trator, está no Twitter, à procura de novos clientes.
A Agribotix, em Boulder, Colorado, já vendeu cerca de 100 drones para fazendeiros e consultores — pessoas que viajam de fazenda em fazenda e utilizam os drones para os agricultores.
Mas ainda existem as preocupações sobre o excesso de tráfego no céu.
Andrew D. Moore, diretor-executivo da Associação Nacional de Aviação Agrícola, que representa os pilotos que voam sobre fazendas espalhando sementes e outros produtos, disse que está preocupado com os aviões colidindo com os drones.
“Pode ser fatal”, ele disse.