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Kevin Spacey e Bill Clinton em 2002 no Festival de Cinema de Tribeca; eles são amigos desde 1996 | Stan Honda/Agence France-Presse — Getty Images
Kevin Spacey e Bill Clinton em 2002 no Festival de Cinema de Tribeca; eles são amigos desde 1996| Foto: Stan Honda/Agence France-Presse — Getty Images

Antes que Kevin Spacey entrasse no personagem de Francis Underwood, o congressista fictício de “House of Cards” que fez de tudo para chegar à Casa Branca, o ator gostava de retratar um presidente da vida real: Bill Clinton.

“Na verdade, nós passamos tanto tempo juntos que às vezes eu até me torno ele”, disse Spacey no ano passado em um evento em Little Rock, Arkansas, em comemoração ao décimo aniversário do Centro Presidencial William J. Clinton. “Venho de um lugar chamado Esperança”, disse Spacey, começando a imitar o sotaque de Clinton. Mais tarde, o ex-presidente juntou-se a Spacey no palco e o abraçou sorrindo, mostrando que gostou da imitação.

Foi apenas a última demonstração pública de afeto entre o ator, hoje conhecido por interpretar um dos presidentes mais moralmente corruptos que já saíram de Hollywood, e o ex-presidente que, desde que tocou saxofone no Arsenio Hall Show, em 1992, teve uma ligação especial com as telinhas.

Spacey, que é doador de fundos para o Partido Democrata, conheceu Clinton na Casa Branca durante seu primeiro mandato. Em duas indústrias conhecidas por amizades passageiras e de conveniência —a política e o entretenimento—, os dois pareceram ter uma ligação real.

Eles mantiveram contato e se aproximaram depois da Presidência de Clinton, colaborando com frequência em obras de filantropia. É um relacionamento conhecido dos mais próximos de Clinton.

Se você examinar bem a decoração do escritório de Underwood em “House of Cards”, verá ali uma foto de Spacey e Clinton juntos em um jantar, manuseando seus Blackberrys. A foto provavelmente irá para a Casa Branca com o presidente Underwood na terceira temporada, que começou a ser veiculada no Netflix em 27 de fevereiro.

De todos os programas de TV com que a família Clinton poderia ser associada —Hillary Clinton aparentemente se prepara para a campanha presidencial de 2016— o retrato frio e cínico de Washington em “House of Cards” não parece o melhor para fins políticos.

Afinal, a segunda temporada da série incluiu Underwood empurrando uma jovem jornalista na frente de um trem e tendo uma relação sexual a três com sua mulher, Claire, interpretada por Robin Wright, e seu agente do serviço secreto ávido por agradar, Edward Meechum. Não é exatamente o que se desejaria para um anúncio de campanha em 2016.

Mas os Clinton não se intimidaram. Em 2014, Hillary disse à revista “People” que ela e Bill assistiram à primeira temporada de “House of Cards” “de uma tacada só”. Depois de um calendário de viagens esmagador como secretária de Estado, Clinton disse que parte da atração era: “Oh, meu Deus, não acredito que podemos apenas ficar sentados aqui vendo isso!”

A conexão se estende além da amizade de Spacey e Clinton. Antes de se tornar autor e roteirista de TV, o criador de “House of Cards”, Beau Willimon, trabalhou como estagiário na campanha de Hillary Clinton ao Senado em 2000.

Jay Carson, consultor político de “House of Cards” e colega de faculdade de Willimon, trabalhou como secretário de imprensa de Bill Clinton e serviu como assessor de Hillary na campanha presidencial de 2008.

A amizade relativamente pública de Spacey com Clinton começou mais ou menos em sua campanha à reeleição em 1996.

Depois que deixou o cargo, Clinton levou Spacey para sua obra filantrópica global por meio da Fundação Clinton. Os dois fizeram um giro de cinco dias pela África para promover iniciativas de combate à Aids e se uniram a Nelson Mandela no palco para falar a uma multidão de adolescentes sobre o perigo do HIV. Eles foram vistos jantando juntos em um McDonald’s em Londres.

Spacey e Clinton, ambos conhecidos como bons contadores de histórias, parecem apreciar conversas informais e discussões sobre política e livros.

Em um evento recente em Arkansas no último outono, ainda no personagem de Clinton, Spacey disse: “Deixe-me dizer uma coisa: eu adoro esse ‘House of Cards’ —é tão bom! Noventa e nove por cento do que eles fazem nesse programa é real, e o 1% que eles erraram é que você nunca conseguiria aprovar uma lei de educação tão depressa”.

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