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Moscas da fruta, juntamente com outros problemas, diminuíram a produção da azeitona italiana em 35 | Gianni Cipriano/The New York Times
Moscas da fruta, juntamente com outros problemas, diminuíram a produção da azeitona italiana em 35| Foto: Gianni Cipriano/The New York Times

Pragas, granizo, inundações e bactérias deixam inativas as prensas de azeite

Passeando pelo olival da vila de sua família no mês passado, Federico Dufour pegou algumas bolotas arroxeadas. "Tenho vergonha de chamá-las de azeitonas," ele disse.

E exibiu as frutas murchas na palma da mão. "Olha, tem um buraco aqui", ele disse, e em seguida descreveu o ciclo de vida breve mas devastador de uma mosca da azeitona que havia devastado sua colheita. Em toda sua vida, cada mosca pode depositar centenas de ovos nas azeitonas, exterminando olivais inteiros "rapidinho", ele disse. "É um drama."

Este ano, esse drama se desenrolou em centenas de fazendas produtoras de azeite na Itália, ajudando a transformar 2014 no annus horribilis do azeite de oliva. Além da mosca, fortes tempestades de granizo e inundações e uma bactéria devastadora em partes da Puglia, reduziram a produção de azeitona em cerca de 35 por cento.

A devastação já se traduziu em aumento dos preços na Itália e em breve será sentida pelos consumidores em todo o mundo. O preço do azeite de oliva extra virgem italiano duplicou desde o ano passado, e as expectativas também são péssimas para a Espanha, o maior produtor de azeite do mundo.

A iminente escassez do azeite trouxe preocupações sobre fraudes e adulterações que poderiam manchar a reputação de um negócio que movimenta aproximadamente US$ 2,5 bilhões na Itália. E há ainda as incômodas preocupações para os agricultores sobre como se planejar para o que pode ser uma mudança climática permanente.

Gerardo Gondi, outro produtor de azeite na Toscana, disse que mais de 18.000 árvores não haviam produzido uma única azeitona que prestasse este ano. Sua prensa de azeitonas, um moinho de pedra tradicional também usado por fazendeiros locais, saiu-se um pouco melhor. Em 2013, o moinho processou 20mil kg de azeitonas por dia durante dois meses, ele disse. "Este ano, chegamos talvez a 20 mil quilos em toda a temporada."

Aqui em Calenzano, 20 quilômetros ao norte de Florença, a produção caiu cerca de 80 por cento. Alguns agricultores nem mesmo fizeram a colheita -- o custo não compensava. Muitas fazendas são orgânicas e não usaram pesticidas para afastar a mosca. Métodos biológicos foram ineficazes, porque as chuvas persistentes dificultaram sua manutenção exigindo reaplicações quase constantes de vários produtos, como argila de caulim e iscas para a mosca da fruta.

Algumas cidades da Toscana optaram por cancelar suas celebrações anuais da azeitona, mas os administradores do Calenzano sentiram que era importante manter seu festival — agora em sua 19a edição.

Gondi se juntou a outros produtores locais durante dois fins de semana de novembro. Mas tudo o que pode oferecer em seu estande foi a última garrafa da safra de 2013 e panfletos mostrando sua propriedade, que oferece hospedagem para o turismo rural e passeios a pé. "A não produção foi uma escolha ética" pois o resultado seria um azeite abaixo dos padrões, ele disse. "É o que nossos antepassados teriam feito."

Poucos produtores locais no festival vendiam seu próprio azeite. Alguns vendiam produtos secundários — vinhos, trigo-vermelho biológico, legumes, mel — que podem sustentá-los até o ano que vem, na esperança de uma colheita melhor. Outros vendiam azeite siciliano ou grego. O medo é que o clima tenha se tornado permanentemente imprevisível, e que a crise de 2014 prenuncie futuras colheitas ruins.

Agricultores em toda a Itália esperam que a temperatura caia abaixo de zero nesse inverno, matando as moscas, mas até agora, temperaturas mais quentes têm predominado. Se isso continuar, medidas mais agressivas devem ser tomadas para combater a praga.

"Não deve nem ser muito caro, mas tem que ser feito, caso contrário, o problema permanecerá", disse Niccolò Taiti, chefe do gabinete de turismo de Calenzano.

Federico Dufour entre oliveiras atingidas pelas moscas da fruta que invadiram sua colheitaGianni Cipriano para The New York Times

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