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Aos 90, ator de Chicago surpreende em cena

O ator Mike Nussbaum, à direita, em apresentação da peça “Smokefall”, pela qual recebeu o Prêmio Jeff | Liz Lauren
O ator Mike Nussbaum, à direita, em apresentação da peça “Smokefall”, pela qual recebeu o Prêmio Jeff (Foto: Liz Lauren)

Na primeira parte de "Smokefall", peça aclamada pela crítica em cartaz no Goodman Theater, o ator Mike Nussbaum interpreta um homem de 77 anos tão combalido que precisa de ajuda para descer uma escada. Na segunda parte, o personagem é mostrado aos 50 anos e Nussbaum pula degraus na mesma escada.

O excelente contraste visual tem apenas um inconveniente: Nussbaum de fato tem dificuldade com escadas. Aos 90 anos, ele é o ator profissional mais velho em atividade no teatro americano.

Embora seja bem vigoroso, seu quadril em mau estado e a escoliose o obrigam a ir de elevador de seu camarim para o palco alguns andares acima. "Correr é perigoso para mim", disse Nussbaum recentemente, com seu corpo franzino aninhado no canto de um sofá. "Mas é divertido fazer de conta que tenho 50 anos novamente".

Em uma cidade com mais de 200 teatros, Nussbaum é chamado de "lendário" e de "o decano dos atores de Chicago".

Recentemente ele ganhou o Prêmio Jeff, o principal para teatro em Chicago, como melhor ator coadjuvante em "Smokefall".

Nascido em Chicago, Nussbaum começou a atuar em um acampamento de verão quando tinha nove anos —ele entrou no palco interpretando uma roda de carroça, então congelou de pavor diante da plateia— e estudou teatro por pouco tempo na faculdade após servir na Segunda Guerra Mundial. Logo, ele se casou e constituiu família. Então optou por uma atividade mais estável, abrindo uma empresa de dedetização. Ele atuou ocasionalmente como ator até os 40 anos, quando caiu de um telhado enquanto matava vespas. Foi aí que resolveu realizar seu sonho.

Quase 50 anos depois, Nussbaum disse que devia sua carreira ao fato de manter sua palavra com produtores e diretores de Chicago.

"Nos anos 1980, fui convidado para trabalhar em um filme chamado ‘Profissão: Ladrão’, com Jimmy Caan, mas eu já tinha prometido fazer um pequeno papel em uma peça de Shakespeare aqui, por uma ninharia, para Greg Mosher, diretor de teatro de Chicago e da Broadway", comentou.

Quando estava montando o elenco para o drama "Glengarry Glen Ross" na Broadway, em 1984, Mosher convidou Nussbaum para o papel coadjuvante de um vendedor com baixa autoestima.

Depois ele teve papéis pequenos nos filmes "O Jogo de Emoções" e "Campo dos Sonhos" e interpretou Pop em um piloto para a televisão em 1990 baseado nos quadrinhos "Archie". Ele esperava que essa série lhe desse mais projeção, porém isso não aconteceu.

Porém, Nussbaum não se queixa. "Chicago me dá chances que provavelmente eu não teria em Nova York", disse ele. "Aqui você não ganha grande fama, e seu salário não aumenta quando você ganha um Jeff, ao contrário do que acontece quando se ganha um Tony. Mas tenho trabalho regularmente, e tudo o que sempre quis foi atuar."

Embora seja uma celebridade local, Nussbaum é modesto. E fica tímido ao falar sobre seu conhecido hábito de fazer 50 flexões por dia. Após uma apresentação de "Smokefall", ele falou com a plateia e agradeceu os aplausos com um sorriso cortês. "Eles me tratam como um integrante do elenco", disse, "não como um velho que precisa de uma bengala."

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