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O Celeiro de Johnson organiza bailes desde 1952, mas o dono diz que é hora de vendê-lo | Andrew  Cullen /The New York Times
O Celeiro de Johnson organiza bailes desde 1952, mas o dono diz que é hora de vendê-lo| Foto: Andrew Cullen /The New York Times

Nesta cidade, nas planícies do leste da Dakota do Norte, Brian Johnson bebia seu vinho e observava 500 pessoas dançando em seu celeiro.

Uma banda de Fargo tocava “Take a Little Ride”, música de Jason Aldean que fala sobre dirigir um caminhão por uma estradinha após um longo dia transportando feno. Os homens trajavam roupas camufladas de caça e as mulheres usavam jeans de cintura baixa e balançavam seus brincos sob seus chapéus de cowboy.

“A agricultura é cíclica, cheia de altos e baixos”, disse Johnson, de 63 anos, que promove bailes no celeiro em sua propriedade de mil hectares de trigo e soja há quase três décadas. “Houve seca nos anos 80. Os anos 90 foram muito chuvosos. Não dá para saber. Os bailes, no entanto, são estáveis. E muito divertidos”.

No mês passado, Johnson (que é meu primo) planejava o último baile. Em 2012, ele descobriu que sofre do Mal de Parkinson, e decidiu por a propriedade à venda, de preferência para alguém que continue com os eventos. “Não é tão importante para mim, mas sim para os jovens que vêm aqui”, ele disse.

Não é raro encontrar três gerações de uma família no mesmo baile. Não há bar, então você precisa trazer seu próprio uísque, cerveja ou refrigerante. A esposa de Johnson, Becky, ou sua filha, Adra, fazem hambúrguer na grelha por US$3.

“Não dá para comparar este lugar com nenhum outro”, disse Charles Woodard, conhecido como Woody, baterista da banda Silverado, que toca aqui quase todos os meses. “É um autêntico baile no celeiro. Quando o lugar está lotado, parece uma arena de shows.”

As cidades universitárias como Fargo e Grand Forks têm bares e teatros, mas clubes para todas as idades e salões de dança são difíceis de encontrar, então multidões de estudantes atravessam campos de beterraba e usinas de etanol para passar a noite de sexta-feira no palheiro.

Brittany Schneider, de 24 anos, estudante da Universidade Estadual da Dakota do Norte em Fargo, é frequentadora assídua do celeiro de Johnson. “Eu cresci em uma cidade de 1.800 habitantes, onde fazíamos fogueiras no campo. Isso aqui me lembra a minha casa”, ela disse.

O pai de Johnson, Herb, montou o celeiro na fazenda em 1952 e, como manda a tradição, fez um baile para batizá-lo. Cobrou 98 centavos, e suas vacas ainda viviam no andar de baixo do celeiro. Fez tanto sucesso que ele ofereceu outro uma semana depois. Em pouco tempo, os bailes se tornaram uma instituição de sexta à noite.

Nos anos 60, o celeiro era passagem obrigatória para turnês de bandas de rock do Meio Oeste. Sua fama chegou até Roy Orbison, que fez uma parada lá a caminho de um show em Winnipeg, Manitoba, e subiu no palco para cantar.

“O celeiro era lendário”, disse Debra Marquart, professora da Universidade Estadual de Iowa, cuja banda Jessica se apresentou no celeiro em 1978. “Todos queriam tocar lá”, disse ela, acrescentando que a importância do celeiro era promover a união dos jovens que cresceram em cidades rurais.

“Não há nada mais gostoso na vida do que passar a noite em uma fazenda com todo aquele espaço ao seu redor, todos os amigos, com a música que vem de um espaço iluminado no escuro. São as boas coisas da vida todas juntas”, afirmou ela.

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