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Arte e Design

Arte contemporânea em Xangai

Mais de 80 artistas de 20 países estão na 10a Bienal de Xangai, no espaço que antes foi uma usina de energia | Qilai Shen para The New York Times
Mais de 80 artistas de 20 países estão na 10a Bienal de Xangai, no espaço que antes foi uma usina de energia (Foto: Qilai Shen para The New York Times)

Poucos sabiam o que esperar da Usina de Energia da Arte quando ela explodiu no cenário da arte contemporânea em 2012. Um ano antes, a Usina de Energia — o primeiro museu estatal de arte contemporânea na China — era apenas uma idéia na mente das autoridades do governo local que queriam transformar Xangai em uma capital cultural internacional.

Na sua estreia como anfitriã da 9a Bienal de Xangai, operários e artistas trabalharam até o último instante preparando o espaço, uma colossal usina de energia desativada. O início pouco brilhante deixou muitos com dúvidas sobre a sustentabilidade do museu.

Mas na abertura da 10a Bienal de Xangai em novembro, multidões vieram ver os trabalhos de mais de 80 artistas de 20 países com o tema "Fábrica Social". A exposição que vai até 31 de março, foi organizada pelo escritor e curador Anselm Franke, de Berlim. Foi a primeira vez na história de 18 anos da Bienal que um curador teve liberdade na escolha do tema.

"Queremos que a Bienal de Xangai seja mais internacional. Esse é um novo tipo de confiança cultural", disse Li Xu, diretor adjunto da Usina de Energia.

A atual Bienal, que tem sido bem recebida por críticos e gente da área, é o marco mais recente da Usina de Energia depois de muitas exposições de sucesso. Os destaques incluem uma exposição em grande escala do surrealismo vindo do Centro Pompidou, em Paris, uma exposição individual do artista contemporâneo chinês Cai Guo-Qiang, patrocinado pela Infiniti, e uma retrospectiva de 30 anos de retratos em arte contemporânea chinesa, organizado por Li Xu.

Mas ainda é preciso provar que o museu pode convencer o público de que a visão da arte contemporânea chinesa mediada pelo governo é factível.

Vários artistas foram proibidos de exibir na última Bienal. Acredita-se que alguns foram banidos por causa da participação nos recentes protestos pró-democracia em Hong Kong.

Um artista chinês, Song Ta, foi impedido de participar, mesmo que as suas obras, que muitas vezes abordam a corrupção do Partido Comunista, estivessem em uma galeria de Pequim.

"A censura faz parte das instituições públicas na China", disse Uli Sigg, grande colecionador de arte contemporânea chinesa.

"O paradigma da arte contemporânea é mostrar as coisas como elas são, documentar e criticar. Ela não representa a China do jeito que o governo quer que ela seja representada ao seu povo e para o mundo exterior", disse Sigg.

Autoridades do museu concordam que escapar da sombra da política está entre os maiores desafios Usina de Energia.

Há ainda outro problema: embora o governo tenha pago US$ 64 milhões necessários para converter o espaço de 42 mil metros quadrados em um museu, a instituição luta para encontrar dinheiro para operações e aquisições.

"Quando o governo fala sobre cultura na China, está falando sobre construção", disse Qiu Zhijie, que foi o curador-chefe da 9a Bienal de Xangai. "Ninguém vê que a cultura é como uma árvore que precisa ser sempre regada."

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