Um exame contra anomalias dá aos médicos a certeza de implantar somente um embrião no útero. Removendo células embrionárias para o exame| Foto: Clínica Reproductive Medicine Associates de Nova Jersey

Annika Levitt havia resistido à sugestão da clínica de fertilização de que apenas um embrião – em vez de dois ou mais – fosse transferido para o seu útero porque ela era pequena demais para correr o risco de engravidar de mais de um bebê. "Você passa por tudo isso e só coloca um de volta?", pensou ela, temendo que isso fosse diminuir suas chances de engravidar. Mas seus embriões haviam sido testados contra anomalias cromossômicas, fornecendo um grau razoável de certeza de que o escolhido era saudável. Levitt, que mora em Nova Jersey, deu a luz a uma menina com esse embrião.

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O exame cromossômico está sendo usado para ajudar as clínicas de fertilização a responder uma das perguntas mais inquietantes: qual embrião do tubo de ensaio dará a uma mulher a melhor chance de ter um bebê? Outra técnica utiliza a fotografia em time-lapse para estudar o desenvolvimento do embrião. Ambas as técnicas podem fornecer mais informações do que a abordagem utilizada hoje para julgar a saúde de um embrião, que é a observação de sua forma através de um microscópio. Isso poderia minimizar a ocasional baixa eficiência da fertilização in vitro. E se as clínicas puderem ter quase certeza de que um embrião é saudável, poderiam tender a transferir apenas um embrião. Isso reduziria as chances de gêmeos ou trigêmeos, que enfrentam maiores riscos de saúde do que um único filho.

"O melhor é que conseguimos taxas mais altas de feto único", disse o dr. Richard T. Scott Jr. da clínica Reproductive Medicine Associates (Associados da Medicina Reprodutiva) de Nova Jersey, onde Levitt esteve. Contudo, alguns especialistas dizem que as novas técnicas estão sendo promovidas sem a comprovação dos dados. Para algumas mulheres, segundo eles, o exame cromossômico, um procedimento invasivo, pode até mesmo piorar as chances de gravidez.

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O exame cromossômico é chamado de rastreamento genético pré-implantacional, ou PGS (sigla em inglês). Ele é diferente da técnica relacionada chamada de diagnóstico genético pré-implantacional, que testa os embriões contra mutações específicas com o objetivo de evitar o nascimento de um bebê com uma doença genética. Com o rastreamento dos cromossomos, o objetivo é melhorar as taxas de nascimento, e não influenciar as características do bebê.

E quanto à imagem em time-lapse, a Auxogyn, uma startup do Vale do Silício, recebeu autorização da FDA para comercializar um sistema computadorizado que antevê os embriões mais saudáveis. Ela competirá com a Unisense FertiliTech, empresa dinamarquesa que vende um sistema chamado de EmbryoScope. O PGS pode acrescentar 4 mil dólares ao preço de um ciclo de fertilização in vitro, que geralmente custa entre 1 mil a 15 mil dólares. A imagem em time-lapse pode acrescentar 1500 dólares, ou mais. Mesmo para casais mais jovens, cerca da metade dos embriões criados em um tubo de ensaio tem anomalias cromossômicas, razão principal pela qual os embriões não conseguem ser implantados no útero. Assim, parece lógico que remover os embriões com defeitos aumentaria as chances de sucesso na gravidez. Mas verificou-se que isso é ilusório.

Uma geração anterior do PGS foi usada durante cerca de 10 anos – até que um teste clínico randomizado em 2007 mostrou que, na verdade, o exame diminuía a chance de gravidez. Um motivo provável era que o exame em si danificava alguns dos embriões. Além disso, o exame podia avaliar menos da metade dos 23 pares de cromossomos, de forma que ele não era tão preciso na determinação da normalidade de um embrião. A antiga técnica também envolvia a remoção de uma célula de um embrião de três dias contendo apenas oito células.

O novo exame é feito geralmente em embriões com cinco dias, que têm mais de 100 células. Isso torna mais seguro remover múltiplas células, produzindo um resultado mais preciso. Um estudo apresentado recentemente à Sociedade Europeia de Reprodução e Embriologia Humana constatou que diferentes técnicas de exame podem produzir resultados diferentes para o mesmo embrião, sugerindo que nem todos os exames são precisos.

Mesmo assim, crescem os dados que demonstram que a técnica pode melhorar as taxas de gravidez, particularmente nas mulheres jovens. Um estudo envolvendo cerca de 100 mulheres com menos de 35 anos de idade descobriu que 71 por cento das mulheres cujos embriões foram examinados engravidavam, em comparação a 45,8 por cento das mulheres cujos embriões foram selecionados com base apenas no formato. Para mulheres com mais de 35 anos, que quase sempre precisam de mais ajuda para engravidar, um pequeno estudo randomizado feito pela clínica do dr. Scott descobriu uma taxa de nascimento mais elevada nas que fizeram PGS – 74,5 por cento versus 53,7 por cento no grupo de controle.

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A utilização da fotografia em time-lapse oferece uma alternativa não invasiva, já que não exige a remoção de células do embrião. O sistema da Auxogyn, chamado de Eeva, tira fotos dos embriões a cada cinco minutos, durante os três primeiros dias. O sistema utiliza um algoritmo para calcular a pontuação da saúde do embrião.