Sobre as Grandes Planícies – olhe para a extensão infinita do céu azul de dentro da cabine do maior avião bombardeiro da Força Aérea dos Estados Unidos e o panorama vai parecer decididamente mais antiquado – uma fileira de medidores de vapor treme acima de alavancas de alumínio construídas durante a administração de Dwight Eisenhower (presidente norte-americano entre 1953 e 1961), botões obsoletos e mostradores não usados em décadas juntam poeira.
Boa parte do resto do imenso bombardeiro B-52 é tão antigo quanto. Tubos de vácuo foram substituídos por microchips, e os cinzeiros que antes eram padrão não existem mais. Mas oito motores ao longo das asas ainda se conectam à cabine por meio de metros de cabos e polias e o navegador frequentemente encontra o percurso com uma régua de cálculo.
“É como voltar no tempo”, diz o piloto, o capitão Lance Adsit, de 28 anos. Adsit faz uma volta à esquerda para começar uma corrida simulada com o bombardeiro, brigando com um manche de controle produzido décadas antes de ele nascer. O tempo consumiu totalmente sua pintura.
“Eu amo o B-52, mas o fato de que ele ainda voa é realmente insano”, afirma Adsit.
Poucos minutos depois, seus computadores de controle de navegação de bordo travam.
O B-52 é um avião da Força Aérea dos Estados Unidos que se recusa a morrer. Originalmente programado para a aposentadoria gerações atrás, continua a ser usado em conflito após conflito. Ele soltou sua primeira bomba de hidrogênio nas Ilhas Bikini em 1956, e bombas guiadas por laser no Afeganistão em 2006. Sobreviveu ao seu substituto. E ao substituto do substituto. E ao substituto do substituto do substituto.
Os comandantes da Força Aérea americana estão agora pedindo ao Pentágono para usá-lo na Síria.
“Estamos prontos, estamos famintos, estamos ansiosos para ir para a luta”, diz a coronel Kristin Goodwin, que comanda a Second Bomb Wing na Base Aérea de Barksdale, na Louisiana, onde cerca de metade dos bombardeiros ficam.
Agora com 60 anos de serviços prestados, o B-52 está mais vagaroso, primitivo e sobrecarregado pela infâmia remanescente dos bombardeios maciços no Vietnã nos anos 60. Mas 76 deles ainda compõem a maior parte da frota de longo alcance e não vão se aposentar tão cedo. O próximo substituto em potencial – o Long Range Strike Bomber, que ainda está sendo projetado – vai demorar décadas para funcionar. Por isso, espera-se que o B-52 continue voando pelo menos até 2040. Nesse ano, combater com um desses aviões será o equivalente a ter voado com um bimotor da Primeira Guerra durante a invasão do Iraque em 2003.
A carreira inesperadamente longa se deve em parte ao design robusto que permitiu que o B-52 fosse quase a qualquer lugar e soltasse quase qualquer coisa que o Pentágono quisesse, incluindo duas bombas atômicas e folhetos. Mas se deve também aos jatos ruins que tentaram tomar o seu lugar. O B-1B Lancer de US$283 milhões saiu da linha de montagem em 1988 com um sistema de bloqueio de radares espetacular que interferia com seu próprio radar. O B-2 Spirit de US$2 bilhões, lançado uma década depois, tinha uma tecnologia de invisibilidade tão delicada que não podia ficar na chuva.
“Houve várias tentativas de construir um bombardeiro intercontinental melhor e elas falharam consistentemente”, explica Owen Coté, professor de Estudos de Segurança no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). “O que acontece é que sempre que tentamos melhorar o B-52, temos problemas, por isso é que continuamos com ele.”
Oficialmente, o B-52 é chamado de Stratofortress, mas há tempos as tripulações o apelidaram de BUFF – um acrônimo do que a força aérea americana chama eufemisticamente de Big Ugly Fat Fellow (sujeito grande, feio e gordo).
Muito antigo para que passe despercebido, o B-52 se tornou o contrário – um albatroz barulhento, óbvio e ameaçador. Esmagou divisões blindadas no Iraque e causou destruição nas posições do Talibã no Afeganistão.
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Leia a matéria completa“O grande avião era muito bom”, diz o comandante da Aliança do Norte de 2001. Mais recentemente, tem voado apenas em missões que a Força Aérea americana chama “garantia e dissuasão” perto da Coreia do Norte e da Rússia. Em 2013, quando a China começou a brigar pelo espaço aéreo do Mar do Sul da China, um par de B-52s sobrevoaram a região como forma de pressão.
“O BUFF é como a torre em um jogo de xadrez”, afirma o major Mark Burley, copiloto da missão de treinamento sobre as Grandes Planícies. “Dependendo da maneira como você o coloca no tabuleiro, seu adversário muda de postura.”
A Força Aérea dos Estados Unidos está tentando mudar a imagem do B-52 de um bombardeiro indiscriminado para uma arma de precisão. Tomadas de alvos a laser foram anexadas às asas dos aviões há poucos anos permitindo que soltem bombas inteligentes e guiadas. Recentemente, os grandes bombardeiros circulando sobre o Afeganistão agiram como apoio aéreo próximo. “Somos tão precisos quanto um lutador”, compara a tenente-coronel Sarah Hall, piloto de B-52 que voou em missões sobre o Afeganistão. “E às vezes apenas a visão do B-52 é o suficiente para acabar com a luta. O inimigo foge.”
Apesar de seu armamento ter sido modernizado, o resto do avião parece uma peça de museu de meados do século passado. O pessoal de terra que limpa os quadros envelhecidos pela ferrugem, muitas vezes encontra desenhos feitos pelas gerações anteriores em recantos escondidos – uma descoberta recente, talvez um comentário sobre a idade dos aviões, mostrava pinturas primitivas de animais no estilo das cavernas.
No entanto, apesar de manutenção intensiva, a idade dos aviões está começando a aparecer. Em um voo recente de treinamento na Base da Força Aérea em Barksdale, depois de três dias de chuva, vazamentos em um bombardeiro deixaram os bancos encharcados e o reluzente painel de controle molhado. Um motor falhou e, em seguida, alguns fios entraram em curto.
“Essa é realmente a experiência completa com o BUFF”, diz a copiloto com um sorriso paciente enquanto a equipe de manutenção tenta resolver os problemas. “Mas assim que ele levanta voo, normalmente estamos ok.”
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Leia a matéria completaAs impressões sobre o bombardeiro se provaram quase tão duradouras quanto os próprios jatos. Na entrada de Barksdale, está exposto um B-52 aposentado do Vietnã. Em uma manhã de sol no outono, um antigo oficial da Marinha do Vietnã do Sul chamado Phuoc Luong parou para tirar fotos de sua mulher na frente do grande avião, que soltou toneladas de bombas em seu país – que até hoje explodem inesperadamente nos campos, matando e aleijando pessoas 40 anos depois do final da guerra.
Agora com 69 anos e aposentado, vivendo em Massachusetts depois de fugir de sua terra natal em 1975, Luong diz que não fica surpreso em ver que os B-52 continuam voando.
“A tecnologia americana é ótima. É um grande avião. No Vietnã, não usamos o suficiente. Foi por isso que perdemos.”
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