Caranguejos e outras criaturas comeram águas-vivas tão rapidamente quanto devoram cavalas| Foto: Projeto de água-viva

Em um concurso de popularidade do oceano, a água-viva seria uma das últimas colocadas. Elas queimam. Sua população crescente obstrui entradas de usinas, mata o salmão de cativeiro e assusta os banhistas. Especialistas avisam que elas podem dominar os oceanos.

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De fato, águas-vivas são maravilhas biológicas, e algumas alcançam um tipo de imortalidade. Mas são gelatinosas por definição, e os cientistas já viram inúmeros espécimes cobrindo o fundo do oceano após uma mortandade, sugerindo que mesmo para os predadores menos exigentes, elas não são a escolha principal.

No entanto, o primeiro teste experimental envolvendo um buffet de águas-vivas mortas, mostra uma situação diferente. Um trabalho realizado na Noruega por Andrew Sweetman do Instituto de Pesquisa Internacional de Stavanger e colegas sugere que a impressão deixada por observações anteriores do oceano pode ser a exceção, não a regra.

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Eles afundaram plataformas carregadas de águas-vivas e outras carregadas de cavalas a cerca de 1.220 metros no Sognefjord, o maior fiorde da Noruega. E o que encontraram foi uma equipe de limpeza do fundo do oceano — peixes-bruxas, caranguejos e outras criaturas — que devoraram as águas-vivas tão rapidamente quanto as cavalas.

O resultado foi tão surpreendente, disse Sweetman, que na primeira vez que os pesquisadores içaram uma plataforma vazia depois de 18 horas no fundo do fiorde, "Achamos que a água-viva acabara caindo da plataforma na descida."

Eles então checaram o vídeo. "Ninguém acreditou. Foi contra tudo o que pensávamos. Você pode ver o peixe-bruxa entrando e comendo as gônadas ricas em energia", disse ele.

Dois tipos de água-viva, a Periphylla periphylla e a Cyanea capillata, e a cavala do Atlântico foram usadas. As plataformas transportaram a mesma quantidade e o mesmo peso. Os predadores chegaram em minutos e acabaram com a água-viva em uma ou duas horas e com a cavala em cerca de oito horas.

"Esse é um trabalho emocionante", disse David Billett, do Centro Nacional de Oceanografia de Southampton, na Inglaterra. Em um e-mail, Billett escreveu: "Ele oferece a primeira evidência direta de que quando as águas-vivas morrem, não acabam empilhadas no fundo do oceano, mas fornecem sustento necessário para uma grande variedade de animais em alto mar."

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Lisa A. Levin, diretora do Centro para a Biodiversidade Marinha e Conservação do Instituto Oceanográfico Scripps, disse que os experimentos mostraram que a água-viva não é "um beco sem saída na cadeia alimentar".

Elas são uma parte importante do sistema, que começa com o plâncton na superfície absorvendo o dióxido de carbono. O plâncton é comido por outras criaturas, como a água-viva.

O significado disso no efeito global causado pela água-viva não é claro. Elas ainda podem causar problemas, mas também são muito mais importantes para a cadeia alimentar do que se supunha a princípio.