No Reino Unido, mais de 500 mil imigrantes poloneses têm direito aos mesmos benefícios que os cidadãos locais| Foto: Andrew Testa/The New York Times

Quando chegou ao Reino Unido, vinda da Polônia, há dez anos, Justyna Mikler deu duro para encontrar trabalho como faxineira, estudou inglês e, segundo diz, nunca nem pensou em se inscrever para receber ajuda do governo.

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Hoje diretora de uma empresa de limpeza, ela calcula que cerca de trinta por cento dos poloneses que emprega recebem algum benefício do governo britânico."O sistema permite que o façam com muita facilidade. É insano", lamenta.

Como parte da União Europeia, os cidadãos poloneses aqui têm tantos direitos à ajuda social quanto os britânicos de acordo com uma política do bloco cujo objetivo é criar um mercado econômico vibrante com trabalhadores móveis —, mas que, na verdade, parece estar afastando os europeus uns dos outros.

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O debate sobre a imigração no continente já se mistura à discussão sobre os custos da assistência social, principalmente depois que romenos e búlgaros ganharam acesso aos seus maiores mercados de trabalho.

De acordo com os padrões da Europa Ocidental, os benefícios britânicos não são lá tão generosos; no entanto, ter acesso a eles é relativamente simples e, ao contrário de outras nações da região, eles não são baseados nas contribuições anteriores do requisitante.

"Principalmente no Reino Unido, isso está criando uma situação tóxica", afirma Mats Persson, diretor do Open Europe, grupo de pesquisa de Londres, "pois mistura os temores em relação à imigração, à União Europeia e aos benefícios sociais com a desconfiança generalizada em relação aos políticos que cuidam do sistema".

Porém, quando o primeiro-ministro David Cameron sugeriu mudanças às regras, no ano passado, para dificultar o acesso dos imigrantes aos benefícios, Laszlo Andor, Comissário Europeu para Emprego e Assuntos Sociais, disse que o Reino Unido corria o risco de ser visto como um "país desagradável".

Radoslaw Sikorski, Ministro do Exterior da Polônia, escreveu no Twitter: "Se os nossos contribuintes estão no Reino Unido, nada mais justo que o país lhes pague benefícios".

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Quando oito países que faziam parte do bloco comunista entraram para a União, em 2004, somente outros dois membros, Irlanda e Suécia, tinham mercados abertos de trabalho e, por isso, a taxa de imigração do Reino Unido disparou. Segundo o censo de 2011, há 521 mil poloneses residentes no país, sendo que a grande maioria chegou depois dessa época.

O ponto mais polêmico são os pagamentos feitos a pais cujos filhos podem viver em outro país europeu. Segundo as estatísticas britânicas, em dezembro de 2012 havia 24.082 pais recebendo o Child Benefit por 40.171 filhos que viviam em outro lugar da Europa.

Vários outros países do bloco têm as mesmas preocupações do Reino Unido — e temem também o "turismo do bem-estar social", ou seja, a pessoa que se muda só para garantir os pagamentos.

A Previdência Social britânica é financiada basicamente pela taxação de impostos em geral e calcada na ideia de que aqueles que necessitam devem receber valores semelhantes, independente da contribuição que pagaram. Em outros lugares da Europa, o auxílio é atrelado à contribuição do empregado/empregador, ou seja, bem menos generosa para os trabalhadores que estão chegando agora.

Para a maioria dos economistas, o influxo de mão-de-obra jovem e altamente motivada dos antigos países comunistas, ajudou a levantar a economia britânica. No entanto, um construtor polonês em Londres que preferiu não se identificar, disse que a disponibilidade dos benefícios pode ter mudado a mentalidade dos que estão chegando agora.

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"Há doze, quinze anos, se alguém quisesse vir para a Inglaterra, sabia que teria que ralar; uma das primeiras coisas que quem vem agora pergunta é: ‘Quando posso retirar meu auxílio?’"

Os países da União Europeia temem o "turismo do bem-estar social"