Memoravelmente, o grande filósofo Homer Simpson uma vez descreveu o álcool como “a causa e a solução de todos os problemas da vida”. A publicidade na internet é um pouco assim — a financiadora e o incômodo terrível presente em tudo que você faz on-line.
A publicidade sustenta a maior parte do conteúdo da web que você gosta, mas ao mesmo tempo, os anúncios e os inúmeros programas ocultos que sugam os dados necessários para rastreá-lo e montar seu perfil são as coisas mais terríveis na internet.
Agora, cada vez mais usuários fogem da profusão de publicidade on-line através da instalação de um bloqueador de anúncios. Esse software simples e gratuito permite percorrer a web sem encontrar qualquer anúncio.
Bloquear anúncios é algo que existe há anos, mas sua adoção vem aumentando sensivelmente. Isso estimula o debate sobre a ética de bloqueio de anúncios. Alguns editores e anunciantes dizem que esse bloqueio viola o contrato implícito que forma a internet — a ideia de que, em troca do conteúdo gratuito, todos iríamos tolerar os anúncios.
Porém, no fim das contas, pode haver um benefício oculto no bloqueio de anúncios para os anunciantes e os editores: se o bloqueio se difundir, a indústria de propaganda será forçada a produzir anúncios mais simples, menos invasivos e mais transparentes sobre a manipulação de nossos dados.
“Está claro para nós que o ecossistema de anúncios está quebrado”, disse Ben Williams, porta-voz da Eyeo, empresa alemã que faz o Adblock Plus, o software de bloqueio de anúncios mais popular.
Quase 200 milhões usam o software para evitar anúncios
A Adobe e a PageFair, uma start-up irlandesa que acompanha o bloqueio de anúncios, estimou recentemente que os bloqueadores custam aos editores quase US$ 22 bilhões em receita este ano.
Hoje, o bloqueio basicamente se restringe aos navegadores da web em PCs. Porém, o iOS 9, sistema operacional móvel mais recente da Apple, vai incluir suporte aos bloqueadores quando estes estiverem disponíveis ainda este ano. Várias empresas de bloqueio de anúncios agora estão criando aplicativos para o novo sistema operacional.
“O que é provável que aconteça é que das 200 milhões pessoas que bloqueiam anúncios hoje, digamos que metade delas tenha iPhones — e vão instalar uma destas coisas. Daí vão começar a falar para todos os amigos sobre esse incrível aplicativo que economiza a bateria, salva seus dados e acelera a web, e é provável que a coisa se torne viral”, disse Sean Blanchfield, presidente-executivo da PageFair.
É importante notar que a PageFair tem seu próprio negócio a considerar, e alguns acusam a empresa de alarmismo para proveito próprio. A empresa também vende tecnologia que permite que os editores da web determinem se os usuários utilizam software de bloqueio — e então envia os anúncios de qualquer forma, contornando os bloqueadores.
A estratégia da PageFair para atenuar a indignação dos usuários é que ele só irá mostrar anúncios que não são “intrusivos”, disse Blanchfield. Isso significa que os anúncios não terão animações, não irão bloquear conteúdos e não terão “rastreadores” que monitoram e relatam para algum servidor desconhecido o que você faz em uma página da web.
A PageFair é apenas uma das empresas que tenta criar um ecossistema que produza anúncios melhores. A AdBlock Plus criou “anúncios aceitáveis”, definindo um padrão de anúncios que o software permitirá que os usuários vejam mesmo quando o bloqueador estiver funcionando. A Ghostery faz um plug-in que permite que os usuários encontrem e bloqueiem ferramentas de monitoramento on-line — o código em uma página que envia dados sobre seus hábitos de navegação para marqueteiros.
O Interactive Advertising Bureau trabalha para criar diretrizes mais transparentes para os códigos dos rastreadores nas páginas da web. Scott Cunningham, gerente geral do laboratório de tecnologia do Bureau, disse: “Quando vemos a taxa de incidência de bloqueadores de anúncios, dizemos ‘Ok, é hora de começar a cuidar de algumas das áreas que estavam esquecidas’”.
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