Durante a campanha presidencial de 1988, o vice-presidente George Bush ficou famoso ao iluminar com um holofote o "esgoto a céu aberto" que era o porto de Boston. Ele culpou o oponente, o governador Michael S. Dukakis, de Massachusetts, por não conseguir fazer a limpeza e chamou o porto, sufocado pelo lodo e contaminado por produtos químicos, de o corpo hídrico mais sujo dos Estados Unidos.
Hoje em dia, o porto é o orgulho de Boston, o parquinho de iatistas e até mesmo nadadores, pois ele brilha como um colar, rodeado por torres revestidas de vidro, restaurantes chiques e hotéis requintados.
A transformação do porto de motivo de vergonha em vitrine é um símbolo da grande transformação da cidade nos últimos 25 anos.
Durante a maior parte desse tempo, o prefeito Thomas M. Menino (71) esteve no comando. Embora ele não tenha tido nada a ver com a limpeza do porto, determinada pela Justiça, o prefeito tirou o máximo proveito de seu potencial incentivando o desenvolvimento urbano nos arredores.
"Nas décadas de 70 e 80, pensava-se que as cidades estavam morrendo, com a elevada taxa de criminalidade, o êxodo urbano e o desespero era a ordem do dia", afirmou Robert Sampson sociólogo urbano de Harvard. "Porém, Boston realmente floresceu."
O desafio de manter a dinâmica da era Menino agora está nas mãos de Martin J. Walsh, o primeiro novo prefeito da cidade em uma geração. Quando Menino assumiu o posto em 1993, Boston se esforçava para escapar da recessão e ainda sofria com a questão dos ônibus escolares, que piorou as relações raciais e acelerou a fuga dos brancos para os subúrbios. Após atingir um máximo de 800 mil habitantes em 1950, a população da cidade despencou para 563 mil em 1980.
Em meados dos anos 80, as pessoas começaram a voltar para a cidade. Na década seguinte, um número maior de imigrantes passou a se instalar por lá. Enquanto em escala nacional as pessoas preferiam as cidades aos subúrbios, Boston atraiu universitários, pais cujos filhos se mudaram, profissionais urbanos e jovens famílias.
Hoje, a população é de 636 mil pessoas. Boston cresce mais rapidamente do que outras cidades atraentes como Nova York e São Francisco, embora o custo habitacional seja quase tão alto quanto nessas cidades. A compleição de Boston também mudou. Hoje em dia, o conjunto de negros, latinos e asiático-americanos supera os brancos.
O crescimento de Boston se deve em parte a um novo dinamismo entre suas universidades e institutos de pesquisa enquanto a tecnologia se expandiu e se desenvolveu a economia baseada no conhecimento. Tais instituições sempre estiveram ali, mas como afirma Paul Grogan, presidente da Fundação Boston, que concede verbas a organizações filantrópicas, "o mundo mudou de um jeito que lhes conferiu um novo valor".
Outro grande ímpeto para o crescimento em Boston foi a limpeza do porto, motivada por preocupações ambientais, não pelo desenvolvimento econômico. "Contudo, ela vem a ser, ao lado de hospitais e universidades, o maior motor propulsor de nossa economia", argumentou Grogan.
Um problema pelo qual Menino levou a culpa é esquivar-se a desenredar a pilha de ruas da cidade. "Esta cidade é horrível", disse Menino ao jornal "The Boston Globe". "São antigos caminhos de vacas. Nós apenas os alargamos e as transformamos em ruas. A culpa deve ser minha."
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