François Hollande, o presidente da França, e Ségolène Royal, ministra que já disputou o cargo de presidente, têm um relacionamento extremamente complicado.
Os dois viveram juntos durante 25 anos, período em que tiveram quatro filhos. Então se separaram em 2007, por causa de uma infidelidade que Royal divulgou um mês depois de perder a eleição para presidente, naquele ano.
De todo modo, Royal fez campanha para Hollande, 60, quando ele disputou com sucesso a Presidência em 2012, apesar de a outra mulher nesse triângulo amoroso, a jornalista Valérie Trierweiler, ser sua companheira oficial.
Agora Royal, com 61, está de volta aos corredores do poder.
Durante um remanejamento de gabinete em abril de 2014, ela foi nomeada ministra da Ecologia, do Desenvolvimento Sustentável e da Energia, o terceiro cargo mais importante depois do primeiro-ministro e do ministro das Relações Exteriores.
Não, não sou a primeira-dama. Também não sou a rainha da França
O cargo de vice-presidente não existe na França, tampouco uma função como a da primeira-dama nos Estados Unidos. Mas, armada de ambição, pura intuição política e grandes doses de charme, Royal parece ter-se imiscuído nos dois papéis.
“Ela é a vice-presidente imaginária e a primeira-dama imaginária”, disse Gérard Miller, psicanalista e cineasta, que fez um documentário sobre Royal. “Às vezes o imaginário pode se tornar real. Ela é perfeita nos dois papéis porque não custa um centavo a mais para a França.”
Cada vez mais, Ségolène é vista como a substituta de Hollande em ocasiões de Estado e sua companheira em outras.
Quando o papa Francisco pousou em solo francês em novembro passado, Royal foi a principal autoridade do país a recebê-lo. Depois dos atentados terroristas ao jornal “Charlie Hebdo” e a um supermercado judaico em janeiro, ela viajou a Israel para representar a França nos serviços memoriais. Ela acompanhou Hollande em uma viagem oficial a Cuba e ao Caribe em maio. Quando o rei e a rainha da Espanha foram a Paris em junho, ela estava ao lado de Hollande para recebê-los na escadaria do Palácio do Elysée. (E Trierweiler? Ela deixou o Elysée e a vida de Hollande, substituída pela atriz Julie Gayet.)
Royal cita sua vida política e sua candidatura à Presidência como provas de sua estatura internacional e assume assuntos distantes de sua pasta.
Em um jantar na residência do embaixador Gérard Araud em Washington, em maio, a ex-secretária de Estado americana Madeleine Albright a questionou sobre o presidente Vladimir Putin, a Ucrânia e as negociações nucleares com o Irã. Enquanto outros ministros poderiam pedir que o embaixador assumisse a tarefa, Royal não hesitou em dar respostas extensas, diplomaticamente vagas.
Royal expandiu de modo tão drástico sua autoridade que a revista “L’Obs” a estampou em uma capa em maio, sorrindo e de braços cruzados, com o título “A vice-presidente”. Só não a chame de primeira-dama de fato. “Não, não sou a primeira-dama!”, disse ela. “Também não sou a rainha da França, apesar de me chamar Royal.”
Ségolène não se considera uma Hillary Clinton francesa, que sobreviveu à infidelidade de seu marido presidente para emergir como uma figura política por direito próprio.
“Hillary entrou na política porque seu marido estava na política. Eu não”, explicou. “Eu tive minha própria identidade política desde o início.”
Ela também rejeita como irrelevante todas as perguntas sobre sua vida pessoal. “Os problemas pessoais não importam para mim”, disse. “O que importa é minha identidade política.”
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