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Cantores sul-coreanos reinventam hip-hop

Keith Ape durante show em Nova York, em abril; artista sul-coreano ficou conhecido pelo remake K-pop de “U Guessed It” | Chad Batka/for The New York Times
Keith Ape durante show em Nova York, em abril; artista sul-coreano ficou conhecido pelo remake K-pop de “U Guessed It” (Foto: Chad Batka/for The New York Times)

Neste ano, a internet agarrou o vídeo “It G Ma”, do rapper sul-coreano Keith Ape, e o difundiu por todo o mundo.

Então a polêmica começou.

O precursor evidente de “It G Ma” (o título significa “não me esqueça nunca”) era “U Guessed It”, do rapper OG Maco, de Atlanta.

“Estou sabendo que os coreanos debocharam de mim e roubaram minha criação. Não achei bacana. Não fiquei inspirado. Acho uma pena”, escreveu OG Maco no Twitter.

Keith Ape, 22, é rapper há poucos anos. Antes de ter viajado para shows nos EUA, em abril deste ano, ele só tinha interagido com rappers americanos pela internet. Quando os encontrou pessoalmente, eles “me abraçaram de braços abertos”, disse, falando com a ajuda de um tradutor.

Keith abandonou o colégio aos 17 anos, esperando fazer carreira no hip-hop. Seus pais trabalham com artes —seu pai é professor de música e sua mãe é pintora.

Antes de ser exposto ao álbum de 1994 de Nas, “Illmatic”, Keith só conhecia o hip-hop sul-coreano. Porém, quanto mais pesquisava sobre a produção musical americana, mais ficava fascinado.

Keith sugere que o “It G Ma” é uma resposta implícita à crescente absorção do hip-hop na música pop coreana, ou K-pop, que abrange desde boy bands e grupos de mulheres até artistas inovadores como Psy.

“Obviamente eu não cresci naquela estrutura social americana, convivendo com gente que vende drogas ou coisas do tipo”, disse.

Remakes K-pop de raps americanos conquistam público

Para ele, “It G Ma” “não é necessariamente um rap sobre luta, mas usa a instigação para agradar pessoas que são antissociais, que não são aceitas no que é visto como mainstream, pessoas que se sentem isoladas ou desconectadas do mundo.”

A versão inicial de “It G Ma” não foi vendida, em parte devido a preocupações legais.

Keith Ape e seus rappers não contataram OG Maco nem qualquer outro dos artistas cujas canções eles vêm recriando, porque, segundo ele, “nunca imaginamos que nosso trabalho ganharia divulgação ou popularidade, como aconteceu. Não pretendíamos vender esses discos, era apenas uma diversão.”

Desde “It G Ma”, artistas americanos entraram em contato com Keith Ape para propor colaborações. Depois que ele lançar algumas canções novas, há planos para uma nova versão de “It G Ma” com seções novas e distintas.

Uma delas terá a estrela CL, um dos rostos e vozes mais famosos do K-pop, cantando rap.

Ela e G-Dragon, do BigBang, são os embaixadores globais do K-pop —são artistas que incorporaram os sons dos pop e hip-hop americanos e os regurgitaram com a verve que é sua marca registrada.

Keith Abe e OG Maco se encontraram no Texas, em março, no festival South by Southwest. “Ele estava sendo sincero”, falou OG Maco. “Tive prazer em ver que ele conseguiu fazer sucesso com sua versão de algo que eu criei.”

O fato de que os dois logo chegaram a um acordo deve ter ajudado: OG Maco receberia parte dos royalties de “It G Ma”. No entanto, o rapper americano se negou a fazer parte do remix da canção.

No festival South by Southwest, depois de ele e Keith Ape conversarem, os dois posaram juntos para uma foto, ambos com os dedos médios em riste para a câmera, e postaram a imagem no Instagram.

“É assim que têm que acontecer os intercâmbios culturais”, disse OG Maco.

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