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CEOs mulheres ainda são exceção

Angela Ahrendts | Justin Sullivan/Getty Images
Angela Ahrendts (Foto: Justin Sullivan/Getty Images)
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Marissa Mayer

Se você fosse Marissa Mayer, CEO do Yahoo!, ganhando quase US$ 25 milhões por ano, a diferença salarial entre homens e mulheres provavelmente não a preocuparia muito. As mulheres que galgam as posições mais elevadas nas grandes corporações americanas tendem a receber remuneração tão gigantesca quanto os homens em níveis semelhantes.

No entanto, dificilmente uma mulher chega a essas posições.

A lista anual do "New York Times" dos 200 executivos-chefes mais bem pagos dos EUA incluiu apenas 11 mulheres. A Equilar, empresa de dados, analisou empresas com valor de mercado de US$ 1 bilhão ou mais. As descobertas sugerem que as mulheres em altos cargos tendem a se sair tão bem quanto os homens —com algumas ressalvas importantes.

A mulher mais bem paga da lista é Martine Rothblatt, que nasceu homem, com o nome de Martin Rothblatt, e passou por cirurgia de redesignação sexual em 1995. Rothblatt fundou a Sirius Satellite Radio, hoje SiriusXM, e fundou a empresa farmacêutica United Therapeutics em 1996. Em 2013, recebeu US$ 38 milhões.

Marissa Mayer, com US$ 24,9 milhões, é a segunda mulher mais bem paga, seguida por Carol Meyrowitz, que recebeu US$ 20,7 milhões como executiva-chefe da TJX Companies, proprietária da rede de lojas de roupas T.J. Maxx.

As mulheres ganham aproximadamente 80 cents por cada dólar recebido por homens.

De acordo com estudos, a diferença de remuneração no nível executivo não parece tão grande quanto em escalões inferiores. Uma das principais razões da disparidade é o fato de muitas mulheres optarem por trabalhar em horários mais flexíveis para poder passar mais tempo com seus filhos. E as pessoas geralmente não chegam ao topo quando escolhem empregos que permitam trabalhar em horários flexíveis.

Estudos constataram uma discriminação sutil quando se trata de remuneração. Tome-se o caso da remuneração baseada na performance. Três estudos mostraram que mulheres em cargos de alto nível são as principais prejudicadas pela penalidade aplicada por performances negativas.

"O ‘old boys club’ (rede de contatos formada por antigos alunos de colégios de elite exclusivamente masculinos) protege os homens", disse a economista Karen V. Selody, do Federal Reserve em Washington. "As mulheres não fazem parte do clube. Por isso, os conselhos de direção das empresas não se dispõem a fazer por elas o mesmo que fazem pelos homens."

Um sinal preocupante é que o número de mulheres em cargos de alto nível parou de crescer, segundo o censo de 2013 feito pela Catalyst, empresa de pesquisas sem fins lucrativos, com as 500 maiores empresas. As razões disso são muitas. Algumas mulheres evitam trabalhos altamente competitivos e negociam menos agressivamente, alguns conselhos de direção discriminam mulheres e algumas mulheres rejeitam os horários de trabalho prolongados e as viagens frequentes que acompanham o cargo mais alto.

Segundo um estudo de Marianne Bertrand, da Universidade de Chicago, com Claudia Goldin e Lawrence F. Katz, ambos economistas da Universidade Harvard, nos setores empresarial e financeiro as mulheres geralmente têm dificuldade em equilibrar vida profissional e família. Devido às muitas horas de trabalho e à inflexibilidade de seus cargos, acabam tendo que se afastar da força de trabalho durante alguns períodos. As mulheres com mestrados em administração que fazem pausas em sua carreira nunca se recuperam em termos de remuneração.

Um resultado disso é que as mulheres simplesmente não passam tempo suficiente em uma empresa para chegarem a ser executiva-chefe, concluiu George-Levi Gayle, da Universidade Washington.

O estudo dele constatou que a probabilidade de uma executiva chegar a CEO é metade daquela de um homem. Mas, se uma mulher que está escalando os degraus para chegar à direção permanecer numa empresa por 15 anos ou mais, ela tem mais chances do que um homem de se tornar CEO.

"Entre o grupo menor de mulheres, aquelas que chegam ao topo tendem a ser as que são extraordinárias, mais do que é o caso entre os homens", disse Gayle.

Se o mundo corporativo como um todo é inóspito para muitas mulheres em cargos executivos, um setor em especial parece ser melhor: o da tecnologia.

O setor da tecnologia tem o maior número de mulheres a figurar na lista da Equilar: Mayer, Virginia M. Rometty (da IBM) e Meg Whitman (da Hewlett-Packard). A remuneração média delas, de US$ 17,6 milhões, é superior à dos CEOs homens, de US$ 15,9 milhões. A remuneração recebida por pelo menos três outras mulheres que são executivas de alto nível do setor tecnológico as teria incluído na lista, caso fossem executivas-chefes, segundo a Equilar: Safra A. Catz, da Oracle (US$ 43,6 milhões); Sheryl Sandberg, do Facebook (US$ 16,1 milhões) e Angela Ahrendts, da Apple (cujo prêmio em participações acionárias é de US$ 68,5 milhões).

Uma razão pela qual a tecnologia pode ser boa para as mulheres é que se trata de uma área nova, sem os hábitos já enraizados em setores mais tradicionais. Mesmo assim, segundo Gayle, menos de 6% dos executivos no setor são mulheres. E a maioria deles é branca.

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