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O primeiro-ministro, Joseph Muscat, espera que o programa atraia US$ 1,35 bilhão | Darrin Zammit Lupi/Reuters
O primeiro-ministro, Joseph Muscat, espera que o programa atraia US$ 1,35 bilhão| Foto: Darrin Zammit Lupi/Reuters

Na minúscula ilha nação mediterrânea de Malta, estrangeiros são bem-vindos – desde que estejam dispostos a dar US$ 1,55 milhão para adquirir um passaporte maltês. A ilha idílica localizada 80 quilômetros ao sul da Sicília está vendendo a cidadania por US$ 880 mil em dinheiro e US$ 677 mil em propriedades e investimentos para interessados com pelo menos 18 anos de idade.

O primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, avaliou que o programa, destinado a atrair estrangeiros endinheirados, poderia trazer US$ 1,35 bilhão nos próximos cinco anos, fornecendo um bem-vindo financiamento para escolas, saúde pública e criação de empregos.

Para os recém-chegados, a cidadania oferece muitos benefícios, além da possibilidade de ancorar o iate na água azul-celeste de um dos destinos mais fascinantes de toda a Europa.

Ser cidadão de Malta, que faz parte da zona da União Europeia que não requer passaporte, implicará no direito de viajar entre os outros 27 Estados membros sem formalidades na fronteira. Um recém-criado cidadão maltês também será capaz de viver e trabalhar em outro país da União Europeia, e contará com o direito de viajar sem necessidade de visto a 69 países que não fazem parte da UE.

Críticos acusam o governo de penhorar o direito de nascença nacional. Especula-se que entre os interessados nos passaportes estariam um ex-campeão de Fórmula 1, um bilionário chinês, um astro do pop internacional, um integrante de uma família real do Golfo Pérsico, um magnata da imprensa norte-americana e um jogador de futebol sul-americano, segundo o jornal "The Times of Malta".

Há quem tema que a ilha pitoresca, com 411.277 cidadãos, um dos países mais densamente povoados do mundo, corra o risco de seguir os passos de Chipre, outro membro da União Europeia que foi criticado por atrair milionários interessados em um lugar que protegesse seus ativos dos cobradores de impostos.

Sob a pressão de autoridades da UE, Malta aceitou há pouco tempo passar a exigir dos estrangeiros pretendendo comprar passaportes que sejam residentes há ao menos um ano. O país também prometeu examinar os candidatos, mas o plano de limitar a concessão de passaportes a 1.800 foi deixado de lado.

Malta é apenas um entre os muitos países procurando atrair estrangeiros ricos.

Chipre, recentemente, reduziu a quantia de investimento necessário para ser candidato à cidadania de US$ 13,5 milhões para US$ 4,06 milhões. São Cristóvão e Nevis, ilha federação do Caribe, oferece cidadania para quem puder investir US$ 250 mil. Portugal e Bélgica oferecem permissões de residência que levam à cidadania em troca de grandes investimentos. Debilitada pela crise, a Espanha oferece permissão de residência a estrangeiros que comprarem casas de pelo menos US$ 260 mil, com o objetivo de atrair investimentos de chineses e russos.

Mesmo assim, o esquema maltês virou alvo de críticas por oferecer boas-vindas calorosas aos muito ricos ao mesmo tempo em que dá as costas aos milhares de imigrantes africanos que chegaram ao seu litoral e que se viram forçados a viver em centros de detenção sombrios, e sem cidadania.

"Refugiados que estão aqui há anos, pagam os impostos e trabalham com afinco não têm passaportes malteses", afirmou Herman Grech, chefe de mídia do "Times of Malta". "Pelo menos tenha a coragem de dar passaportes a todos. É completamente xenófobo e cínico somente dar aos ricos."

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