• Carregando...
Pesquisadores tentam criar remédios que aumentem período em que é possível viver de forma autônoma | Michael Appleton para The New York Times
Pesquisadores tentam criar remédios que aumentem período em que é possível viver de forma autônoma| Foto: Michael Appleton para The New York Times

Há milênios as pessoas buscam escapar da mortalidade com poções, pílulas e elixires. Apesar disso, a maioria dos cientistas diz que não estamos nem um pouco mais próximos da vida eterna do que no passado.

Se hoje pesquisadores estão otimistas sobre os recentes esforços para retardar os efeitos do envelhecimento e, talvez, estender a expectativa de vida, a comunidade científica rejeita a rapidez com que essas descobertas são empacotadas e revendidas por empresas que prometem a fonte da juventude.

"Hoje provavelmente está pior do que nunca", disse o médico S. Jay Olshansky, da Universidade de Illinois, em Chicago. "Mal os cientistas publicam qualquer vislumbre de esperança, os camelôs entram em cena e começam a vender."

Entender o processo de envelhecimento e desenvolver tratamentos que possam desacelerar o seu ritmo poderia ajudar os médicos a manter os pacientes saudáveis por mais tempo. Não seremos capazes de interromper ou reverter o envelhecimento, mas pesquisadores estão interessados em retardar seu avanço, de modo que um ano no tempo do relógio não equivalha a um ano do tempo biológico para o corpo.

Isso poderia adiar o surgimento de doenças como câncer, derrames, problemas cardiovasculares e demência, que se tornam mais comuns à medida que as pessoas envelhecem.

"Poderíamos ser capazes de atrasar as principais doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento, em vez de apanhá-las uma de cada vez", disse James Kirkland, da Clínica Mayo em Minnesota. "Por exemplo, não queremos ter uma situação onde curamos o câncer e, seis meses depois, as pessoas morrem devido ao Alzheimer ou a um derrame. Seria melhor adiar todas essas coisas juntas."

É aí que entra o campo conhecido como biologia do envelhecimento —buscando desenvolver medicamentos que aumentem a expectativa de vida e aquilo que os especialistas chamam de expectativa de saúde, o período da vida em que as pessoas são capazes de viver de forma autônoma e sem doenças.

Kirkland disse que pelos menos seis drogas foram descritas em publicações científicas e que ele sabe de aproximadamente outras 20 que parecem interferir na expectativa de vida ou de saúde em camundongos. O objetivo é ver se esses benefícios podem ser transportados para humanos, aumentando sua longevidade. Trata-se de "encontrar intervenções que façam uma pessoa de 90 anos se sentir como se tivesse 60, e uma de 70 se sentir como se tivesse 40 ou 50".Nir Barzilai, da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova York, disse que "intuitivamente entendemos que envelhecemos em ritmos diferentes, então a questão realmente é: ‘Qual é a diferença biológica ou genética entre aqueles que envelhecem mais rápido e os que envelhecem lentamente?’".

Remédios que reproduzam o efeito desses genes podem ser benéficos para o resto da população que não nasceu com eles.

A indústria global do combate ao envelhecimento movimentou US$ 195 bilhões em 2013, e as estimativas apontam para uma cifra de US$ 275 bilhões até 2020, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Global Industry Analysts.

Os produtos incluem cremes, Botox, suplementos diários e medicamentos com prescrição, nem todos com o objetivo de reverter o envelhecimento, mas, sim, minimizar seus efeitos visíveis.

Olshansky destaca os suplementos de resveratrol e hormônios de crescimento humano como produtos que foram promovidos por seus benefícios antienvelhecimento assim que estudos científicos iniciais apontaram resultados promissores. Mas o resveratrol, normalmente feito a partir da casca de uvas escuras, ainda está sob estudo, e produtos disponíveis comercialmente são prematuros, segundo Olshansky.

De acordo com ele, os hormônios de crescimento apresentam um risco mais sério, porque realmente podem ser perigosos para quem os ingere."As pessoas estão cientes do processo de envelhecimento e querem interferir", disse Barzilai, acrescentando que acha um erro recorrer a remédios promovidos na internet. "Alguns estão causando danos. Alguns, talvez, não tenham a menor importância, e alguns podem até ser bons, mas não sabemos ainda."

Em vez de gastar dinheiro com "soluções mágicas" contra o envelhecimento, Olshansky recomenda que as pessoas aceitem a insípida receita que os médicos vêm oferecendo há décadas: dieta saudável e exercícios físicos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]