Duban Londoño, pisou em uma mina terrestre em 2013| Foto: Meridith Kohut/The New York Times

Luvin Mejía se ajoelha no chão usando um colete pesado e calças de kevlar, e um escudo de plástico transparente grosso sobre o rosto.

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Ele pode levar uma hora para avançar um único pé, limpando delicadamente o mato em uma trilha na montanha há muito abandonada e passando um detector de metal sobre cada ponto. O zumbido agudo do aparelho se mistura ao dos insetos.

Mejía faz parte de um batalhão do Exército que procura minas terrestres em áreas antes disputadas pelos guerrilheiros na Colômbia. O país tem um dos maiores números de vítimas de minas terrestres no mundo.

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O trabalho extremamente lento recebeu a promessa de uma ajuda muito necessária no mês passado, quando o governo e o maior grupo rebelde do país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), concordaram em começar a trabalhar juntos para localizar e destruir minas depositadas pelos guerrilheiros no passado.

Mas os dois lados vêm negociando um acordo de paz há mais de dois anos, e sua capacidade de confiar um no outro e trabalhar juntos despertou novas dúvidas recentemente, quando 11 soldados do Exército e pelo menos um combatente rebelde foram mortos.

O presidente Juan Manuel Santos condenou o confronto como uma violação da promessa feita pelos rebeldes em dezembro de não atacar forças do governo.

Entretanto, uma pessoa ligada às negociações de paz, que se realizam em Havana, disse que militares e representantes das Farc continuam trabalhando no projeto de minas terrestres.

No programa piloto de remoção de minas, os rebeldes trabalhariam junto com soldados do governo, ajudando-os a encontrar os explosivos plantados para que possam destruí-los.

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Atualmente, a unidade militar especializada que inclui soldados como Mejía só remove as minas em áreas livres de presença de guerrilheiros.

No programa conjunto, guerrilheiros e soldados retirariam as minas de áreas onde as Farc continuam ativas, segundo Sergio Jaramillo, um dos principais negociadores do governo.

Mejía, 32, disse que seria difícil confiar nos rebeldes, mas admitiu que eles podem fornecer informações valiosas. “Nossa esperança é que um dia o país fique livre das minas terrestres”, disse.

Segundo o governo, as minas e munições não detonadas fizeram 11.073 vítimas, das quais 2.216 morreram, de 1990 até março de 2015. Mais de um terço de todas as vítimas foram civis, muitas delas crianças e adolescentes.

Até agora este ano 11 pessoas foram mortas e 43 feridas por minas. A maioria dos explosivos foi depositada por guerrilheiros, uma das várias estratégias, como sequestros e tráfico de drogas, que fizeram a maioria dos colombianos voltar-se contra eles.

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No município ao redor de Cocorná, cidade próxima a Medellín, a segunda maior do país, a unidade de Mejía destruiu cerca de 600 minas terrestres nos últimos cinco anos, segundo o capitão do Exército Elkin Rondón.

No caso da trilha onde Mejía trabalhava recentemente, moradores disseram que deixaram de usar o caminho anos atrás, depois que as Farc os advertiram de que haviam plantado minas lá.

Mejía e seus colegas levaram quase dois meses para avançar apenas um quilômetro, aproximadamente, limpando uma área de cerca de 3 metros de cada lado da trilha, e não encontraram uma única mina terrestre.

Muitos colombianos continuam profundamente céticos sobre as negociações de paz. Os críticos exigem que os líderes guerrilheiros sejam punidos e acusam Santos de ser brando demais. Outros dizem que não confiam nos guerrilheiros nem no governo.

Para chegar à sua casa em uma favela em Medellín, Duban Londoño, 31, tem de subir 300 degraus de concreto, de muletas e com duas pernas artificiais. Ele pisou em uma mina terrestre em dezembro de 2013, mais de um ano após o início das negociações.

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A explosão ocorreu em uma região rural remota e passaram-se horas até que ele fosse levado a um hospital. Ele lembrou a agonia de perder suas pernas e o que aconteceu depois —sua mulher o deixou, levando seus dois filhos pequenos— e de sua triste recuperação, que incluiu aprender a andar sobre pernas protéticas.

“Eles podem tirar as minas de um lugar, mas quantas mais existem em outros lugares?”, pergunta-se ele. “Aqui na Colômbia nunca veremos o fim da guerra.”

Londoño também perdeu a visão no olho direito. Ele disse que sentiu raiva, mas reluta em culpar os guerrilheiros que depositaram a mina que o feriu, dizendo que provavelmente apenas cumpriam ordens de seus superiores.

Como outros sobreviventes, ele parecia mais amargo sobre o que considera o fracasso do governo do presidente Juan Manuel Santos em cumprir as promessas de ajuda às vítimas do conflito.

Para ele, a paz parece apenas mais uma promessa que nunca será cumprida. Londoño disse que se fosse realizado um referendo para ratificar um acordo de paz entre o governo e as Farc ele não participaria. “Seria como atirar o voto ao vento”, afirmou.

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