O Irã está encontrando uma maneira de exportar quantidades cada vez maiores de um petróleo ultraleve para a China e outros mercados asiáticos, apesar das sanções impostas pelo Ocidente.
As exportações chegam durante uma pequena trégua nas relações com o Irã conforme prosseguem as negociações sobre seu programa nuclear, e especialistas em energia dizem que o país está contando com o Ocidente para tolerar um fluxo crescente nas exportações.
Segundo dados aduaneiros iranianos, nos últimos meses o país exportou 525 mil barris por dia do petróleo ultraleve, conhecido como condensado, mais do que o dobro das exportações há um ano. Nos últimos três meses, analistas afirmam que as vendas geraram até US$1,5 bilhão em comércio adicional um total de aproximadamente US$6 bilhões por ano.
O resultado foi um aumento geral nas remessas de petróleo à China e outros mercados asiáticos sem violar as sanções. Autoridades americanas vêm tentando manter as exportações iranianas de petróleo perto de um milhão de barris por dia, mas quando somadas às vendas do condensado, elas atingiram em média 1,4 milhão de barris por dia entre janeiro e maio, segundo o Departamento de Energia dos Estados Unidos.
Os condensados podem ser um subproduto do gás natural ou da produção de petróleo. De acordo com as sanções, eles estão totalmente cobertos quando saem de um campo de petróleo, e não quando produzidos num campo de gás natural embora sejam rotineiramente misturados a tipos mais pesados de petróleo para fabricar combustíveis.
Autoridades americanas afirmaram que países com isenções para importar petróleo iraniano China, Índia, Coreia do Sul, Turquia, Taiwan e Japão não são proibidos de comprar os condensados.
O aumento nas exportações de condensado compensa uma pequena parte da perda de receita com petróleo no Irã. A OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) estima que o valor das exportações iranianas de petróleo tenha despencado para US$63 bilhões em 2013, frente a US$115 bilhões em 2011.
Mesmo assim, segundo o Departamento de Energia dos EUA, de janeiro a maio, as exportações iranianas de petróleo e condensados foram 300 mil barris por dia mais altas do que a média de 2013, com China e Índia respondendo pela maior parte do aumento.
"Eles encontraram uma brecha que os compradores podem usar", explicou Greg Priddy da Eurasia Group, uma consultoria. Mas ele acrescentou que, apesar das novas vendas de condensados, "as sanções não estão se desfazendo".
Sob as sanções, estão proibidas as exportações de petróleo cru para a maioria dos países. O Irã foi proibido de exportar gás natural à União Europeia em 2012, mas não à Ásia proporcionando uma abertura para as vendas de condensados.
Especialistas em energia dizem que o abastecimento adicional de condensados iranianos no mercado mundial podem ter benefícios em curto prazo, dado o potencial para interrupções no fornecimento de petróleo com as crises na Líbia, Iraque e Ucrânia.
"Neste momento, um pouco de infiltração no mercado é uma boa coisa", declarou Frank Verrastro, estrategista de energia e geopolítica do Center for Strategic and International Studies.
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