Shawn Mendes, 16, tem uma resposta a dar a quem critica o Vine —o popular aplicativo de celular para criar vídeos curtos— como mídia criativa. “As pessoas podem dizer ‘não é preciso muito talento para fazer um vídeo de seis segundos’”, disse Mendes.
Sua enxurrada de vídeos no Vine começou em 2013 e inclui centenas de covers de Ed Sheeran, Beyoncé, Sam Smith e outros.
“Eu diria que é preciso talento, sim, porque você só tem seis segundos nos quais chamar a atenção das pessoas. Se você consegue isso em seis segundos, é porque faz um bom trabalho.”
Mendes é estudante do segundo ano do ensino médio em Pickering, Ontario. No mês passado ele chamou a atenção de muitas pessoas no mundo da música quando seu álbum de estreia, “Handwritten”, foi lançado e ficou no primeiro lugar da parada Billboard.
O jovem artista virou símbolo da transformação acelerada no modo em que novos artistas surgem através da internet e das mídias sociais e como são assimilados pela indústria musical.
Nos últimos dez anos, a plataforma preferencial para novos artistas passou do MySpace para o YouTube e de lá para aplicativos como Vine e Instagram, onde a plateia inclui não só fãs , mas astros reconhecidos e olheiros.
“Este é um momento em que os artistas jovens em ascensão, os artistas consagrados e os aspirantes a astros estão todos na mesma plataforma”, comentou Matty Karas, do MusicRedef, um agregador online de notícias e comentários.
O álbum de Shawn Mendes vendeu 106 mil cópias e foi visto 4,8 milhões de vezes na primeira semana. Esse sucesso é ainda mais notável quando se considera que o álbum não conta com uma faixa que tenha feito sucesso nas rádios.
Embora as gravadoras ainda valorizem a exposição de faixas nas rádios, ela hoje é apenas uma parte do portfólio promocional. De acordo com a página de Mendes no Vine, seus vídeos já foram vistos 367 milhões de vezes.
Mendes postou vídeos em que ele é visto segurando um violão, fazendo caretas diante da câmera ou simplesmente à vontade em sua casa em Toronto. Em questão de meses, sua carreira decolou.
No ano passado ele assinou contrato com a Island, uma divisão da Universal, e lançou um EP (mini álbum) de canções originais. Este mês ele vai abrir os shows da turnê mundial de Taylor Swift, ocupando um lugar que ajudou a tornar Ed Sheeran famoso.
“Em termos de talento puro, acho que ele é capaz de crescer do mesmo modo que Taylor Swift e Ed Sheeran”, disse David Massey, executivo-chefe da Island.
Ainda não se sabe qual será o ciclo de vida dos artistas projetados pelo Vine. O álbum “No Matter Where You Are”, da dupla Us the Duo, não chegou a estar na parada Billboard. Outros artistas cujos sucessos virais enormes ganharam presença destacada nas rádios, como Psy (“Gangnam Style”), têm tido dificuldade em reproduzir esse sucesso.
Panos Panay, do Berklee College of Music, em Boston, disse que altos e baixos acelerados viraram uma realidade para o setor da música. “As gravadoras se adaptam a um ambiente em que os astros e estrelas serão tão efêmeros quanto mensagens de texto”.
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