Arshad usa humor para evitar que jovens ingressem no Estado Islâmico| Foto: Rob Stothard/New York Times

Humza Arshad faz piadas sobre o sotaque paquistanês e os torcedores apaixonados por futebol. Faz piada sobre seu peso, sua voz e sua própria mãe. Mas principalmente, faz piadas sobre os jihadistas.

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“Já reparou como nesses vídeos dos terroristas eles estão sempre sentados no chão?” Arshad perguntou a um grupo de alunos do ensino médio um dia desses. “Por que isso? Tenho certeza que eles podem comprar uma cadeira.” E sobre as calças que usam: “Elas batem aqui”, disse ele apontando sua canela, “tipo, você pegou essa calça do seu irmão mais novo ou coisa assim?”

Arshad, de 29 anos, pratica o islamismo com trajes hip-hop e seus vídeos no YouTube já têm milhões de visualizações. Ele é a peça central do mais recente esforço do governo britânico para impedir que os jovens se juntem ao Estado Islâmico (EI).

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Desde março, Arshad faz um tour com a unidade antiterrorismo da Polícia Metropolitana. Ele já fez sua apresentação (“10 por cento de mensagem, 90 por cento de comédia”) para mais de 20 mil alunos em 60 escolas de ensino médio de Londres.

Arshad estava em Los Angeles no final de maio para visitar redes de televisão e estúdios de Hollywood e aparecer nas escolas americanas para falar sobre seu trabalho contra o extremismo.

Cerca de 700 muçulmanos britânicos foram para a Síria. Escolas daqui estão em alerta, especialmente desde fevereiro, quando três meninas adolescentes saíram de casa. Ele conhece bem o irmão de uma das meninas. “Gostaria de ter evitado que a irmã do meu amigo fizesse isso”, disse ele para o auditório lotado em uma escola no oeste de Londres recentemente.

“Veja, estou aqui por duas razões. Número 1, sou um cidadão britânico, e tenho orgulho de minha origem. Número 2, não quero ver pessoas morrendo. O Islã não é isso.”

“Mas existem alguns indivíduos equivocados que estão nos dando uma má reputação. Todos nós temos que fazer nossa parte”, acrescentou.

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É uma mensagem que os policiais não conseguem passar, disse Rick Warrington do comando antiterrorismo, ou SO15, que realizou a sessão com Arshad. “Venho à paisana, mas ainda sou um policial branco de 45 anos de idade”, ele disse.

Como muitos dos estudantes que visita, Arshad leva sua religião a sério, mas isso não o impede de ridicularizar os jihadistas. “Os tornozelos deles são muito secos. E eu fico lá, tipo, olhando para os tornozelos e pensando, mano, acho que eles nem têm creme hidratante na Síria. Talvez devêssemos doar alguns.”

Nascido e criado em Londres, Arshad sentiu de perto como a percepção dos muçulmanos mudou na Grã-Bretanha. Ele tinha 15 anos quando terroristas atingiram o World Trade Center em 2001.

Após terminar a escola de teatro, ele recebia papéis menores, para ser o terrorista. “Eu não queria ser estigmatizado como o muçulmano, você sabe”,ele disse.

Arshad disponibilizou um vídeo em 2010 sobre um jovem muçulmano que reclamava da mãe paquistanesa que batia nele e só cozinhava lentilha. O vídeo foi um sucesso e teve mais de um milhão de visualizações em 10 dias. Nasceu então “Diary of a Bad Man” (Diário de um homem mau), uma sátira da vida de um jovem britânico asiático no YouTube. Hoje, seu canal tem mais de 245 mil assinantes.

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Foi uma decisão difícil trabalhar com a polícia, Arshad disse: “Claro, eu achava que isso ia complicar minha fama de descolado”. Mas queria fazer sua parte.

As mensagens de ódio ainda o afetam. “Eu não sou político, sou comediante”, ele disse.