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Compartilhe o Xbox: é a vez do vovô.

Os tradicionais fabricantes de brinquedos não entiram o efeito das festas de final de ano. Parece que os sonhos infantis estão cada vez mais tomados pelos doces do Vale do Silício.

Nas semanas anteriores ao Natal, uma pesquisa americana com pais descobriu que aproximadamente dois terços deles pretendiam dar um smartphone ou tablet a seus filhos pequenos. Alguns na indústria de brinquedos reagiram com seus próprios esforços digitais; a Toys’R’Us não só colocou tablets em exposição nas lojas, mas também desenvolveu seu próprio tablet infantil.

No entanto, alguns pais começaram a resistir, para o bem de velhos e conhecidos amigos. A Barbie teve uma boa temporada. O mesmo ocorrendo com as Tartarugas Ninja e o Sr. Cabeça de Batata.

"Acho que muitas mães jovens têm a mentalidade de que um brinquedo físico é algo bom; é quase uma pequena reação à popularidade dos aplicativos", declarou M. Eric Johnson da Vanderbilt University, no Tennessee, que estudou a indústria dos brinquedos. "Então elas entram no corredor de brinquedos e encontram algo de que se recordam".

Para pais cujos celulares e tablets se tornaram ferramentas onipresentes, "esse tipo de brinquedo adulto simboliza trabalho e outras coisas que não necessariamente representam a infância", acrescentou ele.

Talvez a irmã de Nick Bilton seja um desses pais. Bilton, um repórter, escreveu no "The Times" sobre seu sobrinho de 8 anos, Luca. "Como milhões de outras crianças em sua idade, Luca é obcecado pelo jogo de videogame Minecraft". E a mãe de Lucas "é a típica mãe de uma criança que joga Minecraft: ela teme que isso possa não ser benéfico".

Minecraft, que roda em diversos dispositivos, é relativamente simples, com o objetivo de construir estruturas. São poucas instruções, "e descobrir as coisas por conta própria é grande parte da diversão", escreveu Bilton. Os educadores veem nisso uma oportunidade.

Minecraft é compulsório para crianças de 13 anos em uma escola de Estocolmo. "Eles aprendem sobre planejamento municipal, questões ambientais, como fazer as coisas", afirmou Monica Elkman, uma professora.

Na Austrália, estudantes de história usam o jogo para explorar mundos da antiguidade. Crianças durante uma aula de inglês na Dinamarca podem jogar Minecraft se usarem apenas a língua inglesa. Minecraft está ensinando alguns alunos da Califórnia sobre gravidade.

Isso não significa que as crianças devam passar o dia todo em frente ao Xbox. Afinal, o vovô também tem sua vez.

"Neurocientistas descobriram que mover carros enquanto se escolhe placas de trânsito num videogame pode aprimorar a memória de curto prazo e o foco de longo prazo para adultos mais velhos", relatou o "The Times".

A pesquisa, conduzida pela University of California, em São Francisco, "mostra que isso pode ajudar idosos que enfrentam problemas cognitivos a rejuvenescerem", afirmou Earl K. Miller, do Massachusetts Institute of Technology. "E isso é genial".

Segundo Daphne Bavelier, que realizou pesquisas similares em pessoas mais jovens, pode haver desvantagens ainda desconhecidas. "Sabemos que podemos reprogramar o cérebro, mas o desafio é como fazê-lo adequadamente. Estamos na idade primitiva do treinamento cerebral".

Outros neurocientistas, incluindo o dr. Miller, também alertaram que precisamos de testes continuados, apesar da possibilidade de que tais jogos possam ajudar a aprimorar o foco perdido pela superestimulação – um problema, segundo o "The Times", que muitas vezes só foi agravado pela tecnologia.

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