Com a chegada da primavera no Hemisfério Norte, pescadores rumam para os riachos a fim de renovar um ritual que se destina a atrair trutas com moscas artificiais.
Indícios históricos remontam a pesca com mosca aos romanos e macedônios, no século 2°. O escritor britânico Izaak Walton, com seu livro “The Compleat Angler” (“o pescador completo”), publicado em 1653, é considerado o responsável por popularizar o esporte.
Nossos ancestrais no começo do Paleolítico usavam arpões e lanças para subjugar suas presas. Há 42 mil anos, intrépidos pescadores do Sudeste Asiático fizeram os primeiros anzóis, com ossos e conchas.
Neste ano, 8 milhões de norte-americanos vão adquirir licenças para pescar truta e salmão. Em seguida, vão entrar na água até a cintura para praticar a forma perfeita de atirar aos peixes arredios iscas feitas com moscas cuidadosamente escolhidas.
Douglas Thompson não será um deles. “Eu relutantemente abandonei a pesca há dez anos, depois que vi o que um século de criação de peixes não nativos estava fazendo com a paisagem que eu amo”, escreveu Thompson, professor de geologia da Faculdade Connecticut, no “NYT”.
A criação de truta depende de ração peletizada, e produzir 13 mil toneladas de truta para lançar aos rios por ano exige aproximadamente 15,5 mil toneladas de ração, explicou ele.
Essas pelotas são feitas de peixes como o arenque e a anchova, colhidos dos oceanos de forma insustentável. Peixes introduzidos em rios também acabar superpovoando o ambiente e expulsando espécies nativas.
“Estamos devastando populações de espécies marinhas simplesmente para sustentar um hobby de água doce”, escreveu Thompson.
O passatempo gira em torno de um animal ao qual estamos ligados por laços de ancestralidade comum há não muito tempo, “uns 420 milhões anos, mais ou menos”, escreveu James Prosek no “New York Times”.
As trutas são nativas das Américas, Europa, Ásia e Norte da África, e essas regiões celebram a nova temporada. Prosek diz que os peixes são valorizados por sua beleza estética, pelo esporte e como alimento. Suas aquarelas retratando diversas espécies de trutas capturam essa beleza.
“A pesca da truta nos liga não só ao nosso passado ancestral, mas também ao nosso legado como caçadores-coletores, a um momento em que precisávamos capturar e matar para sobreviver”, escreveu ele.
Isso “deve ser a principal razão pela qual pescamos, para satisfazer algum impulso latente no fundo do nosso tecido evolutivo”.
Em outras palavras, a pesca é uma conexão com nosso “eu paleolítico”.
A alimentação paleolítica é uma tendência que propõe “comer como nossos ancestrais”, ou seja, os caçadores-coletores da Idade da Pedra.
Seus seguidores consomem peixe, carne de animais criados no pasto, castanhas, sementes, ovos e legumes e frutas frescos e sem amido.
Para alguns novos entusiastas do paleolítico, a parte mais difícil é abrir mão de pães, cereais, arroz, massas, vagens, feijão, açúcar, sal, batatas e produtos lácteos. Sem mencionar chocolate, café, cerveja e vinho.
Jeb Bush, pré-candidato à presidência dos EUA, está usando a dieta paleolítica para afinar a silhueta, caso decida enfrentar adversários mais jovens e magros, noticiou o “Times”.
Ao contrário dos dois Bushes que já foram presidentes, Jeb luta contra a balança. Dieta e exercícios estão funcionando: ele perdeu quase 15 quilos desde dezembro. Claro, precisou abrir mão dos seus pratos mexicanos favoritos e deu um tempo no vinho.
O lado negativo para Bush?
“Estou sempre com fome”, disse.