Joseph Kabila em 2014; muitos congoleses acham que o presidente tenta prorrogar indefinidamente seu mandato| Foto: GWENN DUBOURTHOUMIEU/AFP/Getty Images

Muitos congoleses veem a proposta do presidente Joseph Kabila de aumentar de 11 para 26 o número de províncias do país como uma manobra para adiar a próxima eleição presidencial e permitir que ele “deslize”, como se diz por aqui, para um terceiro mandato extraoficial.

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“Já sabemos que são manobras políticas”, disse Theo Balsomi, que está desempregado apesar de ter formação universitária, enquanto se acotovelava com outros para espiar os jornais no bulevar Lumumba.

“Conhecendo a realidade do nosso país, já vivemos muitos regimes. Não permitiremos que Kabila deslize nem por um segundo. Toda a população irá se opor a isso.”

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A subdivisão das províncias, proposta inicialmente em 2006, permaneceu dormente até que o presidente a ressuscitou, em março. As novas províncias já foram batizadas, mas ainda não houve eleição para governador e outros cargos.

Antes de votar para presidente em 2016, a República Democrática do Congo deve passar por uma série de eleições locais e provinciais. Prefeitos, chefes de aldeia e vereadores são nomeados, enquanto deputados e governadores provinciais são eleitos por voto direto.

Quanto mais tempo esse processo leva, mais provável se torna o adiamento da corrida presidencial.

De acordo com a Constituição do Congo, o presidente só pode cumprir dois mandatos.

No entanto, os percalços no lotado calendário eleitoral, que já está meses atrasado, alimentam temores de que a eleição presidencial seja adiada, permitindo que Kabila permaneça no poder por meses ou mesmo anos a mais.

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Kabila, que raramente fala em público, ainda não disse explicitamente que deixará o cargo em 2016.

Questionado sobre o repentino ímpeto de dividir o país em 26 províncias, o ministro das Comunicações, Lambert Mende, disse que o presidente “não deveria deixar o cargo e não deve terminar o seu segundo mandato sem oferecer o que foi decidido em 2006”.

Essa não é a primeira vez neste ano que o presidente é acusado de tentar alterar o calendário eleitoral para permanecer no cargo.

Em janeiro, os legisladores começaram a debater um projeto de lei apresentado pelo governo que exigia a realização de um censo antes da eleição presidencial de 2016.

Especialistas dizem que esse processo pode levar anos, devido à falta de infraestrutura. O presidente permaneceria no poder durante o período do censo.

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Milhares de pessoas foram às ruas em todo o país para protestar contra a ideia. Pelo menos 36 foram mortas pelas forças de segurança antes de o governo recuar, alterando o projeto para permitir que a eleição ocorra sem o censo.

“O povo congolês diz: com chuva ou com neve, haverá mudança na liderança em 2016”, disse Vital Kamerhe, líder oposicionista.

Colaborou Steve Wembi