Não faz muito tempo, Sam Elliott, que passou boa parte de seus 46 anos de carreira representando o típico cowboy americano, era descrito como um ator que fazia papéis de ingênuo.
Aos 71 anos de idade, Elliott não é jovem, e ninguém que já viu o brilho malandro em seus olhos o confundiria com um inocente. Mas, com atuações elogiadas em três filmes independentes neste ano e aparições em duas séries de televisão aclamadas, está claro que ele está em uma ótima fase.
Em maio, Elliott foi indicado para melhor ator convidado em uma série dramática no Critics’ Choice Television Awards, prêmio da crítica de televisão nos EUA, por seu trabalho em “Justified”. “I’ll See You in My Dreams” atraiu grande público, apesar de ter sido lançado em circuito restrito. Ele apareceu em outro filme independente que estreou em Sundance, “Digging for Fire”, e em fevereiro voltou ao seriado de TV “Parks and Recreation” para encarnar o hippie vegano Ron Dunn.
Mas é seu papel de amante rejeitado em “Grandma”, estrelado por Lily Tomlin, que lhe valeu as críticas mais elogiosas até agora: Elliott conferiu ao papel uma força emocional bruta que surpreendeu a crítica e o próprio diretor.
Para Scott Foundas, do “Variety”, em dez minutos na tela Sam Elliott criou “um personagem mais completo e forte que a maioria dos atores consegue criar em duas horas”.
Ao longo das décadas, o bigodão e o barítono profundo de Elliott viraram sinônimos de personagens fortes e estoicos: geralmente caubóis, seguidos por motociclistas, pilotos e militares.
O fato de Elliott ter conseguido continuar sendo o homem que outros homens gostariam de ser e com quem mulheres gostariam de estar vem apenas confirmar seu charme indiscutível.
Elliott diz que com “Grandma” conseguiu ir além dos personagens que normalmente representa. “Eu me descontrolei um pouco, e foi assim que aconteceu. Foi uma catarse, de um jeito positivo.”
Elliott e sua mulher, a atriz Katharine Rossa, vivem há 40 anos em Malibu. A primeira casa deles foi destruída num incêndio. Depois, eles se mudaram para um trailer. Finalmente , foram para uma casa à beira-mar, em estilo típico do sudoeste americano, onde continuam até hoje.
É difícil definir quando Elliott se tornou o protótipo do cowboy de Hollywood. Porém, para o ator, foi no final dos anos 1990, com “O Grande Lebowski”. Naquela época, ele já estava ansioso por mudar. Ele se recorda de ter pensado: “Mesmo em um filme dos irmãos Coen não me deixam fazer um dos personagens doidos —sou obrigado a ser um cowboy.”
Desde então, porém, sua resistência a representar cowboys se abrandou, dando lugar à gratidão.
“Eu costumava reclamar, mas então amadureci”, explicou, falando do fato de sempre ser escolhido para o mesmo tipo de personagem. “Me dei conta de que fazer parte desse ramo, seja em qualquer caixinha que me enquadrarem, é uma sorte tremenda.”
Alto, esbelto e mais atraente do que nunca, ele ainda se encaixa bem no papel.
Sam Elliott exala autoconfiança e calma à moda antiga. “O cavalheirismo é uma coisa natural para mim. Fui criado assim”, disse. “Faz parte de quem sou.”
Elliott sempre soube que queria ser ator. Em 1976, fez um papel que lhe deu reconhecimento, em “Lifeguard”, da Paramount.
Durante os momentos de recesso em sua carreira, ele aproveitava seu barítono melífluo para dar voz a comerciais de vários anunciantes, como dos caminhões Ram, da Associação Nacional de Criadores de Gado Bovino e da cerveja Coors.
O ator acha que fez seus melhores trabalhos em muito tempo com os três filmes independentes recentes. Mas uma coisa que ele ainda sonha em fazer algum dia é cantar em um musical no teatro.
“Eu adoraria fazer um musical”, comentou. “Conseguiria aprender rapidinho.”
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