As denúncias de corrupção na Petrobras já provocaram um escândalo político e a mudança de sua gestão. Agora, ameaçam outras empresas brasileiras e podem jogar o país na recessão.
A Petrobras produz mais de 90% do petróleo brasileiro, possui todas as refinarias do país, opera mais de 3.300 km de dutos, domina a distribuição de gás e diesel no atacado e é dona até mesmo da maior rede de postos de combustível do Brasil.
“O plano do governo era tornar a Petrobras a maior possível”, disse o economista Samuel Pessôa, da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Ele calcula que a empresa, por meio de operações próprias e terceirizadas, seja responsável por cerca de um décimo da produção econômica do Brasil.
Por causa da Operação Lava Jato, que investiga suspeitas de suborno de empreiteiras e outros fornecedores a executivos da Petrobras em troca de contratos superfaturados, a empresa suspendeu os pagamentos de muitos projetos. A Petrobras também proibiu novos contratos com algumas das maiores empresas brasileiras de engenharia e de petróleo.
As medidas adotadas ameaçam os resultados financeiros dos prestadores de serviços, que estão sendo duplamente atingidos: seu fluxo de caixa despencou e a crise os impedem de contrair empréstimos para cobrir esse rombo.
Os problemas da Petrobras também estão atingindo o mercado de ações. Por causa de incertezas sobre o valor a ser deduzido na avaliação de determinados ativos por causa da corrupção, a empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers se recusou a aprovar o balanço trimestral da petroleira. Sem um balanço auditado, a Petrobras, com uma dívida líquida de US$ 110 bilhões, não pode explorar o mercado global de títulos.
Como a Petrobras era vista como a mais segura das ações, seus papéis serviam como baliza para todas as empresas brasileiras. Sem essa referência, outras firmas não estão nem mesmo tentando usar o mercado de títulos.
Uma empresa que presta serviços à Petrobras, chamada Alumini, já entrou com um pedido de recuperação judicial, alegando que a Petrobras lhe deve R$ 1,2 bilhão.
A OAS, quinta maior empreiteira do país e importante prestadora de serviços para a Petrobras, perdeu o prazo para pagar títulos e está tentando evitar a falência. A dívida da companhia chega a R$ 7,9 bilhões.
Problemas podem ser esperados nos setores da construção e de energia como um todo, porque as empresas que prestam serviços à Petrobras —muitas gigantescas— estão cortando gastos para evitar a falência. “Vamos ver o fechamento de muitas empresas”, disse Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
Outros terão de vender ativos para sobreviver. “Haverá setores específicos, especialmente em infraestrutura, nos quais veremos mais fusões e aquisições neste ano”, afirmou Antonio Pereira, do Goldman Sachs.
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