Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
tendências mundiais

Custos desestimulam pais chineses a ter um segundo filho

Após três décadas da política chinesa que limita a maioria das famílias a ter apenas um filho, muitas famílias dizem que elas não vão aproveitar a grande mudança permitindo um segundo filho por causa do custo cada vez maior de criá-lo.

"Com dois filhos, você tem menos recursos para lhes dar o melhor", disse Mao Xiaodan (27), advogada de Pequim com sete semanas em sua primeira gravidez, que descartou a perspectiva de um segundo filho. Ela se disse preocupada com o preço imobiliário e o alto custo da educação. "Um colega do meu marido tem gêmeos e pagar apenas a educação fundamental quase o levou à falência".

Pela nova lei, a revisão mais importante das regras do planejamento familiar chinês em 30 anos, os casais cujo um dos pais também seja filho único de igual têm permissão para ter um segundo filho. Eles precisam esperar quatro anos para ter o segundo filho. As regras anteriores permitiam dois filhos para os casais cujos pais são filhos únicos.

O governo estima que a mudança permitirá a mais de 15 a 20 milhões de casais aumentar suas famílias, ajudando a estancar uma queda do índice de natalidade que os especialistas afirmam ter deixado a China com um desequilíbrio demográfico perigoso tanto de idade quanto de gênero. Porém, apenas a metade desses casais está disposta a ter dois filhos, segundo uma pesquisa da Comissão de Planejamento Familiar e da Saúde Nacional citada na rede estatal de notícias.

Alguns casais citaram uma norma cultural persistente que exige que o marido dê um apartamento, um carro e outras riquezas materiais a futura esposa, exigências que podem atolar uma família maior em dívidas.

Maggie Ding (36), palestrante de uma universidade, e que tem um filho bebê, decidiu que um segundo filho seria potencialmente devastador. "Eu correria o risco de ter dois meninos e isso significa o dobro da hipoteca e da pressão. É devastador demais até pensar na questão".

Desde a implantação em 1979, a política do filho único recebeu o crédito por ajudar a estimular a economia crescente da China ao desacelerar o crescimento da população. Entretanto, as restrições produziram uma série de consequências inesperadas. Em 2012, havia aproximadamente 40 milhões de homens a mais do que mulheres, inclusive 18 milhões de meninos a mais do que meninas com menos de 15 anos. Em 2020, o governo estima que 30 milhões de candidatos solteiros não consigam encontrar uma esposa.

O desequilíbrio é consequência da utilização por parte dos chineses de vários métodos de seleção do sexo para ter meninos na chamada política do filho único.

Os economistas também alertaram para uma crise iminente dos cuidados com os idosos, observando que a população na idade produtiva da China chegou ao pico em 2012, deixando menos trabalhadores disponíveis para tomar conta dos seus pais e parentes mais velhos. No ano passado, havia 194 milhões de pessoas acima de 60 anos na China, a maior população nessa faixa etária no mundo.

Naturalmente, existem muitos pais ansiosos para aproveitar o recente relaxamento das regras. Enquanto aguardava a consulta médica, Sun Li (35), executiva de uma rede de TV, grávida de quase nove meses, queixou-se de dores nos quadris enquanto expressava desgosto sobre o ar poluído da capital.

Contudo, ao lhe perguntar se ela engravidaria novamente, ela balançou a cabeça. "Já estamos planejando outro filho. Um filho único é solitário demais. É melhor ter dois", concluiu ela.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.