Opositores das carruagens puxadas a cavalo querem a proibição da atividade e sua substituição por automóveis elétricos vintage| Foto: Damon Winter para The New York Times

Cavalos estão no centro de polêmica

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Por Liz Robbins

"Vocês querem uma carona?", perguntou casualmente Angel Hernandez, condutor do cavalo Teddy, aos transeuntes que passavam em frente ao Plaza Hotel certo domingo. Vinte minutos e 50 dólares mais tarde, Hernandez estava tirando fotos de uma mãe com a filha, de Londres, que tinham deixado as malas no hotel e ido direto procurar as carruagens. "Proibi-los?", exclamou a mãe, Lesley Fabri (60), depois do passeio. "É por causa deles que estamos aqui!" Os opositores das carruagens guiadas por cavalos, que defendem a proibição dessa atividade, argumentam que ela não passa de um romantismo descontrolado. Para condutores, proprietários e funcionários de estábulos, ela é uma profissão.

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O novo prefeito, Bill de Blasio, prometeu que seu primeiro ato legislativo seria proibir as carruagens puxadas por cavalos no Central Park. A Câmara Municipal, agora liderada por Melissa Mark-Viverito, que elaborou em 2010 um projeto de lei para proibir esses veículos, ainda tem que discutir o assunto. Os ativistas que querem acabar com o comércio de carruagens guiadas por cavalo contribuíram com mais de 1,3 milhão de dólares para ajudar a eleger Bill de Blasio e os vereadores que apoiaram a proibição aliada a uma solução: a substituição de todos os cavalos por uma frota de carros elétricos vintage.

A Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais também se pronunciou. "A A.S.P.C.A. não se opõe ao fato de cavalos trabalharem", disse Matthew E. Bershadker, presidente da organização. "Nós nos opomos às carruagens puxadas por cavalos em Nova York. Esses animais são cercados por ônibus e táxis, assim como pelo trânsito em geral. Nossa opinião é de que isso não é e nunca foi pitoresco ou romântico".

Ambos os lados dizem que estão preocupados com o bem-estar dos cavalos.

"Eles ficam acorrentados às carruagens, puxando-as nas ruas de um ambiente caótico e artificial até chegar a hora de voltarem para as celas", disse Edita Birnkrant, diretora da entidade Amigos dos Animais em Nova York. "Eles têm que ter condições de pastar e andar livremente. Isso é impossível em Nova York. Eles vivem uma vida de total confinamento, dia após dia."

Teddy trabalha cerca de nove horas em dias alternados, disse Hernandez, que é um dos 150 condutores que operam 220 cavalos registrados em 68 carruagens. Os regulamentos determinam as condições em que os cavalos trabalham. Eles não podem puxar carruagens quando faz menos de 7,7 graus ou mais de 32 graus Celsius; as baias onde vivem devem ter pelo menos seis metros quadrados; e eles devem tirar férias em fazendas durante pelo menos cinco semanas por ano. Desde 2011, houve sete incidentes envolvendo cavalos: em dois casos, os animais desmaiaram e morreram; em outros dois, eles se envolveram em acidentes com veículos.

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O NYClass, um grupo que se opõe às carruagens guiadas por cavalos, pagou 475 mil dólares para que o designer Jason Wenig criasse um protótipo de um carro de estilo antigo. Se a proibição fosse decretada, os cavalos seriam eliminados e 68 carros desse modelo seriam disponibilizados.

O condutor Stephen Malone, proprietário e porta-voz da Associação de Cavalos e Carruagens de Nova York, fica irritado com o fato de um grupo de ativistas estar lhe dizendo que ele não pode continuar com o seu negócio e, em seguida, oferecer uma alternativa, o carro elétrico, cujo preço poderia chegar a 150 mil.

"Estamos no meio de uma batalha de classe elitista", disse Malone. E existe ainda a questão do destino de todos os cavalos. A Sociedade Humanitária dos Estados Unidos disse que colocaria entre 40 e 50 dos 220 cavalos em santuários. Mas e quanto aos outros? "É terrivelmente caro sustentar um cavalo aposentado", disse Lisa A. Fortier, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Cornell, em Ithaca, Nova York. Segundo ela, alguns cavalos podem acabar sendo abatidos.

"Muitas dessas fazendas estão fechando e esse é um destino muito pior do que andar em Nova York", admitiu ela.

Taxistas em poses sensuais

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Por Matt Flegenheimer

Ninguém cobiça os taxistas de Nova York.

É bem difícil paquerar ou fantasiar com a pessoa que controla o taxímetro do outro lado da parede que divide os táxis em Nova York – um espaço onde a comida para viagem, velhas bugigangas e as condições corporais vindas de um expediente de 12 horas parecem formar um bolor peculiar.

Agora, porém, os taxistas modernos estão preparados para revelar um pouco mais de si mesmos.

No que parece ser um projeto inédito no setor, um grupo de taxistas acaba de figurar em um calendário sensual – em parte paródia, em parte celebração das formas típicas masculinas – posando em vários pontos de Manhattan ao lado de seus táxis amarelos.

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Um motorista sem camisa e tatuado aparece montado no teto do carro como se fosse um cavalo chucro. Outra morde uma maçã, inclinando-se em um farol, com o Empire State Building ao fundo.

Jose Valero, de 53 anos, que já foi ator de novelas na Venezuela, aparece em duas fotografias. Ele é tanto o Mister Junho, descansando timidamente sobre o capô de seu táxi com a camisa quase que totalmente desabotoada, quanto à estrela da contracapa, onde seus bíceps direito se revelam sob discretamente um colete xadrez. "Tudo natural", disse Valero.

O projeto foi concebido por Phil Kirkman e sua noiva, Shannon McLaughlin, a fotógrafa do calendário. McLaughlin disse que eles foram atraídos pelo relativo anonimato de taxistas da cidade. "Eles são menos festejados do que deveriam ser e nós queríamos contar as histórias deles", confessou ela.

Yasar Imran, de 37 anos, morador de Staten Island, disse que o calendário era uma oportunidade de mostrar um lado lúdico aos passageiros.

"Existem dois taxistas. Um deles é o taxista em si, e o outro é uma pessoa a parte", disse ele. "As pessoas não nos veem rindo, não nos veem sorrindo."

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Ainda assim, os motoristas reconhecem que incluir os taxistas no cânone dos calendários da cidade, dominado há mais de uma década pelos musculosos bombeiros, pode parecer pouco provável.

É difícil conciliar o trabalho no táxi com a prática de exercício físico. Sendo assim, disseram os criadores, não está claro quantas cópias eles conseguirão vender a 15 dólares. O calendário dos bombeiros arrecadou mais de 150 mil dólares para a educação de segurança contra incêndios no ano passado.

Waseem Butt, de 54 anos, um imigrante paquistanês, sugeriu que o calendário era uma carta de amor para aqueles que "lutam contra as adversidades", uma perspectiva brilhante de uma profissão sem glamour.

"Não dá para comparar o Corpo de Bombeiros com os motoristas de táxi; é como comparar uma pedra com um diamante", desabafou ele.

Butt fez uma pausa para esclarecer: o taxista era a pedra.

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Ônibus de dois andares com turistas irritam nova-iorquinos

Por Matt Flegenheimer

Há mais de um século, havia os bondes de dois andares, erguendo-se na Broadway como bolos de casamento, com cavalos nas faixas ao lado. Muitos anos depois, comensais embarcavam no ônibus de mesmo estilo operado pelo restaurateur Vincent Sardi Jr., que esperava levar clientes do Sardi’s East, na 54, até o bairro de teatros.

E por muitas décadas, ônibus públicos de dois andares – ancestrais dos Routemasters vermelhos que se tornariam um ícone em Londres – ajudavam a costurar a rede de transporte na cidade de Nova York.

Hoje, muito tempo depois dos ônibus praticamente desaparecerem da vista, eles voltaram à cena graças à indústria do turismo. O número de ônibus turísticos de dois andares na cidade mais do que triplicou, de 57 a 194, segundo o Departamento de Transportes do estado.

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No geral, porém, a volta desses ônibus não foi recebida com alegria. Eles vêm irritando grupos comunitários, políticos e moradores de vizinhanças com muitos turistas. Pode não haver nenhum outro serviço tão pouco apreciado pelos nova-iorquinos.

Nas ruas de Manhattan, os motoristas passaram a reconhecer os veículos de excursões como versões mais quadradas dos ônibus municipais – rivalizando apenas com os caminhões de limpeza como os veículos menos atraentes. Certa tarde na Rua 34, logo a oeste da 5a Avenida, um congestionamento incluía uma ambulância, um ônibus municipal, um ônibus fretado, um táxi fazendo um retorno, um carro blindado usado para entregas de dinheiro e três ônibus de dois andares.

Atrasos como esse podem testar as habilidades até mesmo dos guias turísticos mais experientes. "Este edifício", dizia um aos passageiros em frente ao Empire State Building, com o ônibus ainda parado, "é um prédio muito grande".

Para muitos nova-iorquinos, a proliferação desses ônibus tem tido seu preço. Alguns se cansaram dos outdoors de dois andares movendo-se por seus bairros, com propagandas chamativas exibindo bebidas energéticas, programas de TV e, ocasionalmente, uma celebridade sem produto.

Dan Biederman, presidente de dois distritos comerciais em Midtown, disse ter pena de alguns turistas convencidos a andar nos ônibus. "Esses não sabem onde estão se metendo", afirmou ele, indicando uma linha de ônibus de excursão ao lado do Bryant Park. "Tenho a sensação de que essas pessoas estão prestes a ter uma experiência ruim".

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Contudo, havia uma barganha disponível na 42, onde Anita Olsen, de 47 anos, da Noruega, esperava por um ônibus de excursão com seu marido e dois filhos. As passagens custavam US$108 para a família, ela explicou, mas o ônibus os levaria até a balsa de Staten Island.

"A balsa é grátis", disse ela.

A pé em cidade com 120 mil quadras

Annie Ling para The New York Times 

Por Constance Rosenblum

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Durante as semanas douradas do outono, parecia como se todo mundo quisesse sair para andar com William B. Helmreich: jornalistas da Noruega, estudantes de sociologia da City College e o editor da Princeton University Press, que acaba de publicar "The New York Nobody Knows: Walking 6,000 Miles in the City", seu relato de cinco anos caminhando por cada um dos cinco distritos.

"Nova York é tão variada, mas se não andar nas ruas, você nunca vai entender isso de verdade e minha filosofia é que tudo é interessante", disse Helmreich.

Helmreich (68), não apenas anda; ele entra numa loja após a outra, interagindo com as pessoas. Conforme sua esposa Helaine resumiu afetuosamente sua abordagem: "Bill conversa até com uma pedra. E a pedra responde".

Em uma caminhada ao longo da 9a Avenida em uma sexta-feira, ele entrou na World Class Cleaners, onde uma placa declarava que a empresa havia sido homenageada pela American Academy of Hospitality Sciences. "Um bom serviço de atendimento ao cliente", explicou a mulher atrás do balcão quando Helmreich perguntou.

Este livro, o 14˚ de Helmreich, surgiu de um plano anterior para focar 20 ruas icônicas, como Myrtle Avenue e Broadway. Então, segundo ele, "Perguntei a mim mesmo o que é icônico numa cidade de 120 mil quadras".

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Assim, ele começou a andar com um gravador e um pedômetro no bolso, junto a pequenos mapas anotados como um jogo da velha – uma linha riscada em cada rua que ele concluía.

Ele também fez mais do que caminhar. Ele dançou a bachata em uma casa noturna em South Bronx. Ele participou de reuniões comunitárias. Ele conduziu entrevistas informais com prefeitos antigos e atuais. Ele também trouxe consigo observações vívidas sobre tudo, do enorme impacto da imigração sobre a cidade às pistas de que um bairro estava prestes a subir em status social.

"Em East Williamsburg, por exemplo, vemos apartamentos de meio milhão de dólares numa torre em frente a um abrigo municipal, e as pessoas não se importam", afirmou ele.

Embora Nova York seja muito mais segura do que no passado, Helmreich contou de uma ocasião em que foi cercado por jovens desordeiros. "Eu de repente percebi que estava no meio de uma venda de drogas, e eles claramente pensaram que eu era um policial", disse ele. "Acredite, eu saí de lá bem rápido".

Noivos já trocam o luxo das limusines pelas bicicletas

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Gosia Labno 

Por Matt Flegenheimer

Um dos sinais mais óbvios de que o programa de bicicletas de aluguel de Nova York está dando certo é o fato de elas, muitas vezes, assumirem um lugar na cerimônia pós-casamento como transporte pré-lua-de-mel, mesmo sem a placa de "Recém Casados" na roda traseira.

Fotógrafos já começam a reunir pequenos portfólios de trabalhos das magrelas, que vêm surgindo com uma frequência cada vez maior nos álbuns dos casais. E para aqueles que saem de outros países para se casarem na cidade, flagrantes das bikes são inevitáveis, principalmente se optarem pelo terminal Grand Central ou a Brooklyn Bridge como pano de fundo.

"Espero que o Citi Bikes se torne tão característico no futuro como os táxis amarelos", diz Panna Asher, de Leeds, na Inglaterra. Ela foi clicada em maio, ao lado de uma estação na West 55th Street depois da cerimônia do seu casamento, realizada no Central Park.

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"Todo mundo fala para eu ter cuidado com os táxis. Seria legal se eles se preocupassem mais em desviar das bicicletas", conta.

Ela disse que ao lado do marido, Phil, resolveu adotar a ideia depois de ver programas semelhantes em outras cidades como Amsterdã, Londres e a capital da Eslovênia, Ljubljana. O de Nova York, que ganhou o nome de Citi Bike, começou em maio passado — e embora a cidade não seja a pioneira nesse tipo de iniciativa, parece não ter competição quando se trata de unir casamentos e bikes. Porque a cidade tem uma fotogenia toda especial, talvez? Um noivo disse que o azul da bicicleta combinava com o terno dele e dos padrinhos. Brian Friedman, o fotógrafo que recomendou a estação de bikes como locação para as fotos de Panna, disse que as fileiras bem arrumadas emprestam calma ao visual de suas imagens, em contraste com a agitação à sua volta.

Depois de se casarem em Lower Manhattan em junho, pegarem o metrô para passar o dia em Midtown passeando e pulando de bar em bar, no fim da tarde Sean e Christie Hutchinson voltaram para o distrito financeiro nas bicicletas do Citi Bikes, que cobra US$9,95/dia mais taxa.

O trajeto demorou mais para ser feito, conta Christie, por causa dos pedidos dos fotógrafos amadores, sua relativa inexperiência com a bicicleta e a generosidade dos bartenders de Manhattan (que não tiveram coragem de cobrar da noiva no dia de seu casamento). Para ela, voltar em uma bike alugada foi o final mais que perfeito para um "casamento nova-iorquino errático com cara de Las Vegas".