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Mmusi Maimane, líder da Aliança Democrática, o partido de oposição sul-africano | Joao Silva/The New York Times
Mmusi Maimane, líder da Aliança Democrática, o partido de oposição sul-africano| Foto: Joao Silva/The New York Times

Quando os delegados do partido oficial de oposição da África do Sul chegaram ao balneário de Hartbeesport para uma reunião, dois terços dos participantes eram negros.

Era a celebração da aposentadoria de um veterano do partido, um homem branco e mais velho. Um segundo branco fez o brinde, gerando risadas nas mesas dos brancos, especialmente quando ele abandonou o inglês e começou a falar em africâner. Então, Mmusi Maimane subiu ao palanque.

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Os delegados negros imediatamente se animaram, e alguns deles subiram ao palco dançando. Maimane os incentivou com palavras na meia dúzia de idiomas africanos que fala, palavras tão obscuras para os brancos presentes quanto o uso do africâner havia sido para a maioria dos delegados negros. Em seguida, ele passou a discursar em inglês.

Maimane pronunciou o discurso que tinha preparado, ocasionalmente apelando à oratória altaneira que costumava empregar quando era pastor. Depois, desferiu o golpe de misericórdia: “Os dias do governo do CNA estão contados”, afirmou, referindo -se ao Congresso Nacional Africano, partido que governa a África do Sul desde o final do apartheid, há 21 anos.

Desde que se tornou líder da Aliança Democrática, cuja base eleitoral é majoritariamente branca, Maimane vem tentando expandir o alcance do partido, com incursões frequentes às comunidades negras pobres.

Seu talento na oratória, carisma e juventude —ele acaba de completar 35 anos— geraram comparações com o presidente americano Barack Obama.

Maimane cresceu em Soweto, uma cidade negra e pobre, e se casou com uma mulher branca, em um país no qual casamentos inter-raciais continuam raros.

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Em entrevista, ele afirmou que o maior fracasso da África do Sul pós-apartheid foi a criação de uma economia que deixou para trás a maioria das pessoas. O país para todos os efeitos é um Estado de partido único. O CNA conquistou 62% dos votos na eleição nacional do ano passado e controla oito dos nove governos provinciais sul-africanos.

Muitos dos negros mais velhos apoiam o partido mais por lealdade do que por entusiasmo. Os mais jovens tendem a vincular o CNA aos males atuais do país, entre os quais o desemprego de 26% e a corrupção generalizada.

No entanto, dizem observadores, o CNA continua a governar com arrogância. O presidente Jacob Zuma já declarou que seu partido governará “até que venha Jesus”.

Antes da eleição do ano passado, os negros, que respondem por cerca de 80% da população sul-africana, representavam 96% dos eleitores do CNA, mas apenas 20% dos eleitores da Aliança Democrática, de acordo com o instituto de pesquisa Ipsos South Africa. No entanto, a fatia da Aliança Democrática nas votações nacionais vem crescendo e chegou aos 22% no ano passado.

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Maimane ascendeu rapidamente depois de aderir à Aliança Democrática em 2009, primeiro como líder de sua bancada no Legislativo municipal de Joanesburgo e em seguida como porta-voz nacional do partido.

Maimane trabalhou para o CNA em Soweto, mas deixou o partido quando, segundo ele, chegou à conclusão de que o objetivo dominante da sigla era defender os interesses de seus políticos.

Ele vem conquistando eleitores negros. Em Soweto, Harry Molorane, 55, que sempre se manteve fiel ao CNA, disse que pensaria mais na Aliança Democrática, agora que o partido tem um líder negro. “Vamos dar uma chance a Maimane e ver como ele se sai.”

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