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A barreira de separação de oito metros de altura de Israel fez parte do cenário da Maratona da Palestina, realizada em Belém | Uriel Sinai/The New York Times
A barreira de separação de oito metros de altura de Israel fez parte do cenário da Maratona da Palestina, realizada em Belém| Foto: Uriel Sinai/The New York Times

Os corredores deram quatro voltas pela cidade, seguindo o circuito que os levou da Igreja da Natividade, considerada o local de nascimento de Jesus, até a principal avenida do centro e ao longo da barreira de separação de Israel, coberta de pichações e escurecida por causa dos projéteis disparados.

A Maratona da Palestina, que aconteceu no fim de março, foi um evento confinado, muito parecido com a cidade em que foi realizada. “Em Belém não há 42 km contínuos. Você tem que ir e voltar”, explica Marwa Younis, 32 anos.

Mas é também a ideia em que se baseia o Direito ao Movimento. Quer maneira melhor de chamar a atenção para as restrições que os palestinos enfrentam no dia a dia?

“Queremos dizer ao mundo que não temos o direito de movimento – somos uma terra ocupada e ainda por cima temos um muro que nos isola”, afirmou uma das organizadoras, Diala Isid, sobre a barreira de separação de oito metros que cerca três lados da cidade.

Cerca de 3.100 pessoas se inscreveram na corrida, que incluiu opções de 10 e 21 quilômetros, além do circuito integral, de 42. A maioria era palestina e os estrangeiros eram dos EUA, Reino Unido, França e Dinamarca.

Israel ergueu a barreira em resposta à onda de ataques suicidas ocorrida durante a Segunda Intifada; os palestinos, por sua vez, a encaram como apropriação pura e simples, pois ela avança para dentro da Cisjordânia.

Grande parte da área está sob ocupação militar israelense, enquanto a minúscula Faixa de Gaza – que tem a mesma extensão do circuito da maratona se disposto em linha reta – sofre bloqueios de Israel e do Egito.

“Quando as pessoas veem como a Palestina está retalhada e como os israelenses nos oprimem, mudam de opinião sobre nós”, afirmou Salam Masalma, 18 anos, de óculos escuros e um véu de cabeça, ou hijab, além da roupa de corrida.

Para muitos palestinos, a maratona foi um dia de diversão em uma Cisjordânia geralmente melancólica. Milhares de pessoas lotaram a Praça na Manjedoura, no centro, com a Igreja da Natividade de um lado e uma mesquita do outro.

O dinamarquês Kasper Hansen, de 27 anos, disse: “O fato de correr ao longo dessa barreira não é só uma questão de correr, mas mostrar que realmente não dá para se mexer”.

Hana Abu Emaylaq, de 29 anos, uma das poucas corredoras de Gaza, treina em um estádio para evitar ser vítima de desprezo. Foi a primeira vez que pôde correr em uma área palestina aberta. “Foi muito bom”, confessou.

“Pela primeira vez quem mora em Gaza teve permissão para viajar para a Cisjordânia para participar da maratona em Belém”, disse Shai Grunberg, porta-voz do Gisha, um grupo ativista israelense.

Nader al-Masri, integrante da equipe palestina que foi para a Olimpíada de Pequim, em 2008, venceu a prova com um tempo de 2 horas, 57 minutos e 14 segundos.

Outro gazeu, Yousef Abeid, de 21 anos, venceu a corrida de 21 km. E contou que seu treinamento basicamente consistia em correr o percurso da universidade ao trabalho.

“Isso mostra que os palestinos não se deixam abater”, vibrou ele.

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