Empregados marcham sob o nome Exxon em uma recente comemoração do orgulho gay em Houston| Foto: Michael Stravato/The New York Times

A maior parte da atenção sobre os direitos gays nas últimas semanas se concentrou nas vitórias do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em uma votação popular na Irlanda e uma decisão da Suprema Corte dos EUA. Porém, também há movimento em outras frentes.

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Até a Exxon Mobil pode estar se mexendo.

A Human Rights Campaign, grupo americano de defesa de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, classifica as empresas segundo a maneira como elas tratam seus funcionários. Na classificação mais recente, a Exxon ficou em último lugar. Ela já esteve lá. A Exxon tem sido impopular entre os gays desde que comprou a Mobil, em 1999, e jogou fora a política antidiscriminação daquela empresa.

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Um dia depois da decisão da Suprema Corte, porém, 125 empregados da Exxon marcharam na parada do orgulho gay em Houston atrás de uma faixa da Exxon Mobil. A companhia deu sua bênção. No início deste ano, ela restabeleceu as proteções antidiscriminação para trabalhadores LGBT. Alguns observadores dizem que é uma jogada comercial.

“Como outras grandes empresas de petróleo, a Exxon é cada vez mais uma companhia de tecnologia”, disse Steve Coll, autor de “Private Empire: ExxonMobil and American Power” [Império privado: ExxonMobil e o poder americano]. “Eles precisam atrair e reter os melhores talentos científicos e de engenharia. Eles demoraram para reconhecer que é de seu interesse adotar uma cultura de inclusão.”

Não são só as companhias de petróleo. A inclusão está na moda até nos livros de quadrinhos, onde personagens e temas gays vêm aparecendo com maior frequência. “Nossa principal diretriz é modernizar esses personagens, um reflexo do mundo real”, disse Jim Lee, coeditor da DC Comics.

Tão do mundo real quanto possível, já que usam habilidades sobre-humanas para combater os bandidos. A recente modernização da DC inclui uma série do super-herói Midnighter, para o qual ser gay é apenas uma parte do pacote, assim como sua máscara e seu poder de se curar rapidamente de ferimentos. Coisas típicas de super-herói.

Típico é o que os leitores querem, segundo Phil Jimenez, artista que trabalhou na Mulher Maravilha e em outros quadrinhos. Eles não querem ver o estereótipo do gay afeminado, disse. “Desde que o cara seja ‘bofe’ o suficiente, é aceitável.”

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O mesmo vale para os não bofes. Shannon Waters, editora no Boom! Studios, é a criadora da série Lumberjanes, sobre cinco garotas em um acampamento de verão. “Queríamos ter personagens gays, mas não sexualizadas demais”, disse. “Era importante normalizar os jovens gays.”

Mas o normal tem um preço, como estão aprendendo os defensores dos direitos gays. O jornal “The New York Times” chamou a decisão da Suprema Corte sobre o casamento gay de “uma enorme conquista, mas também um desafio perturbador para um grupo que muitas vezes demonstra orgulho por ser diferente”.

O preconceito não desapareceu, de modo algum, e a porta continua aberta para a discriminação no emprego, na habitação e em outras áreas da vida americana. No entanto, há um progresso, e muitos pontos de encontro da vida gay, como bares gay, estão desaparecendo. Isso fez algumas pessoas olharem com saudade para o passado.

“As pessoas sentem falta de um sentido de comunidade, de compartilhamento”, disse Eric Marcus, autor de “Making Gay History” [Fazendo a história gay]. “Há algo maravilhoso em fazer parte de uma comunidade oprimida.”